Paredes de gesso construir com gesso blocos de gesso
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
MÉTODO CONSTRUTIVO DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM
BLOCOS DE GESSO
Recife, PE
2011
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
MÉTODO CONSTRUTIVO DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM
BLOCOS DE GESSO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em
Engenharia Civil da Escola Politécnica de Pernambuco
da Universidade de Pernambuco para obtenção do título
de Mestre em Engenharia Civil.
Área de Concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Dr. Alberto Casado Lordsleem Jr.
Recife, PE
2011
MÉTODO CONSTRUTIVO DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM
BLOCOS DE GESSO
BANCA EXAMINADORA:
Orientador:
__________________________________________
Orientador
Universidade de Pernambuco
Examinadores:
_
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Composição da cadeia produtiva da construção civil em 2008 19
Figura 2 Percentual de redução no custo total 22
Figura 3 Vedação vertical com blocos de gesso 38
Figura 4 Detalhe do encaixe macho/fêmea de blocos vazados 47
Figura 5 Espessura mínima entre os alvéolos internos e entre os alvéolos e a
face do bloco, segundo a NF EN 12859
Figura 6 Dimensões dos blocos alveolares 49
Figura 7 Bloco de gesso tipo alveolar 49
Figura 8 Bloco acústico 50
Figura 9 Dimensões dos blocos curvos 51
Figura 10 Bloco de canto 51
Figura 11 Bloco de gesso tipo standard 57
Figura 12 Posicionamento dos blocos de gesso hidrofugados 59
Figura 13 Armazenamento dos blocos de gesso sob plataforma de madeira 62
Figura 14 Armazenamento da cola de gesso sob plataforma de madeira 65
Figura 15 ―U‖ de PVC para ligação do bloco com o piso 66
Figura 16 Elementos de dilatação inferior, superior e lateral 66
Figura 17 Dispositivos de ancoragem para instalação de esquadrias de madeira 67
Figura 18 Dispositivos de ancoragem para instalação de esquadrias metálicas 68
Figura 19 Detalhe da fixação entre a vedação e a estrutura de concreto 69
Figura 20 Elementos de proteção da ancoragem 69
Figura 21 Dispositivos de ancoragem quando o extremo da parede é livre 70
Figura 22 Espuma de poliuretano para fixação superior 71
Figura 23 Fita para tratamento das juntas e faixa para
acabamento dos ângulos
71
Figura 24 Fita de papel microperfurado 72
Figura 25 Cantoneira para proteção dos cantos 73
Figura 26 Dispositivos para fixação de objetos leves 74
Figura 27 Dispositivos para fixação dos objetos leves 74
Figura 28 Dispositivo para fixação dos objetos de peso médio 75
Figura 29 Dispositivos para fixação de objetos de peso médio 76
Figura 30 Dispositivo para fixação dos objetos pesados 77
Figura 31 Dispositivo para fixação dos objetos pesados 77
Figura 32 Dispositivo para fixação dos objetos pesados 78
Figura 33 Linha traçante para locação da vedação 79
Figura 34 Serrote para corte dos blocos de gesso 80
Figura 35 Guilhotina para corte dos blocos de gesso 80
Figura 36 Ferramenta para a realização de ranhuras manuais dos blocos de
gesso
81
Figura 37 Equipamento elétrico para realização de ranhura da vedação 81
Figura 38 Martelo de borracha para posicionar os blocos 82
Figura 39 Utilização do dispositivo de madeira 82
Figura 40 Escova para limpeza do bloco 82
Figura 41 Pincel para aplicação do primer 82
Figura 42 Trena para conferência das medidas 83
Figura 43 Régua de alumínio para conferência do alinhamento 83
Figura 44 Esquadro de alumínio para conferência dos cantos 84
Figura 45 Prumo de face para conferência do alinhamento vertical 84
Figura 46 Organograma da obra 90
Figura 47 Bloco de gesso standard 94
Figura 48 Cola de Gesso de 20 kg 94
Figura 49 Martelo de borracha 94
Figura 50 Espátula 94
Figura 51 Linha de nylon 95
Figura 52 Equipamento de proteção individual 95
Figura 53 Esquadro de alumínio para conferência do serviço 95
Figura 54 Fio de face 95
Figura 55 Central de preparação dos blocos no próprio pavimento 96
Figura 56 Corte dos blocos de gesso com equipamento elétrico e poeira gerada 96
Figura 57 Inserção da cola de gesso no recipiente de mistura 96
Figura 58 Preparação da cola de gesso manualmente 96
Figura 59 Aplicação da cola de gesso com a espátula 97
Figura 60 Assentamento do bloco de gesso 97
Figura 61 Conferência de medida com trena metálica 97
Figura 62 Verificação do alinhamento com régua de alumínio 98
Figura 63 Verificação do prumo com o prumo de face 98
Figura 64 Corte da parede com equipamento específico para instalações 98
Figura 65 Fixação superior vedação vertical/viga através de espuma de
poliuretano
99
Figura 66 Parede executada com a primeira fiada com blocos hidrófugos 99
Figura 67 Esquema para início da execução do serviço 103
Figura 68 Locação da vedação vertical na espessura do bloco 104
Figura 69 Conferência da locação da vedação 105
Figura 70 Instalação dos elementos de dilatação 106
Figura 71 Esquema da ancoragem vedação-estrutura 106
Figura 72 Esquema de distribuição de ancoragens 107
Figura 73 Proteção dos elementos de ancoragem através de espuma de
polietileno
108
Figura 74 Preparação da fixação da alvenaria para a execução da vedação com
blocos de gesso
108
Figura 75 Réguas metálicas separadas por 90 cm 109
Figura 76 Distribuição das réguas metálicas e do elemento de dilatação
inferior
110
Figura 77 Execução do bloco de primeira fiada em possíveis áreas molháveis 111
Figura 78 Execução da primeira fiada com bloco hidrófugo 112
Figura 79 Forma de deslizamento para execução dos blocos de gesso 112
Figura 80 Execução da segunda fiada através da instalação do meio bloco 113
Figura 81 Fixação superior em estruturas pouco deformáveis 115
Figura 82 Fixação superior em estruturas deformáveis 115
Figura 83 Execução do acabamento final da vedação 116
Figura 84 Instalação dos elementos de reforço 117
Figura 85 Elementos de reforço metálico 118
Figura 86 Elementos de reforço de madeira 118
Figura 87 Encontro entre paredes em ―L‖ 119
Figura 88 Encontro entre paredes em ―T‖ 119
Figura 89 Detalhe do corte no bloco para as instalações 120
Figura 90 Disposição dos cortes para a execução das instalações elétricas 121
Figura 91 Detalhe da cavilha de madeira 122
Figura 92 Detalhe da borda 122
Figura 93 Detalhe da inserção da cavilha para fixação do marco 123
Figura 94 Distribuição das cavilhas de madeira para fixação do marco de porta 123
Figura 95 Detalhe da fixação do marco 124
Figura 96 Detalhe da fixação do marco 124
Figura 97 Detalhe da fixação do marco em ―T‖ 125
Figura 98 Execução dos reforços através de perfis de fibra de vidro 126
Figura 99 Execução dos reforços através de perfil metálico 126
Figura 100 Isolamento acústico da vedação 128
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Os subsistemas do edifício, seus componentes e elementos 27
Tabela 2 Características da vedação vertical 29
Tabela 3 Valores de resistência acústica recomendados da diferença padronizada de
nível, para ensaio de campo
33
Tabela 4 Valores de resistência acústica recomendados da diferença padronizada de
nível, ponderada entre ambientes, para ensaio de campo
33
Tabela 5 Resultados dos ensaios de interação portas-paredes 35
Tabela 6 Critérios de níveis de desempenho para elementos estruturais localizados
no interior do edifício e na fachada
36
Tabela 7 Resultados de ensaio da resistência ao impacto de corpo mole 36
Tabela 8 Critérios e níveis de desempenho para elementos estruturais localizados no
interior do edifício e na fachada
37
Tabela 9 Características da vedação vertical interna com blocos de gesso 40
Tabela 10 Características do bloco alveolar e da parede construída com esse bloco, na
Europa
50
Tabela 11 Classificação dos blocos de gesso 52
Tabela 12 Dimensão, densidade e massa dos blocos de gesso, segundo a NF EN
12859
53
Tabela 13 Carga mínima de ruptura da resistência à flexão dos blocos de gesso,
segundo a NF EN 12859
53
Tabela 14 Teor de umidade, ph, capacidade de absorção d’água, dureza superficial e
planicidade dos blocos de gesso, segundo a NF EN 12859
54
Tabela 15 Características dos blocos de gesso 55
Tabela 16 Características dos blocos alveolares 56
Tabela 17 Característica do bloco tipo standard 57
Tabela 18 Bloco de gesso standard, encontrados na França e Alemanha 58
Tabela 19 Característica do bloco tipo hidro 59
Tabela 20 Característica do bloco tipo GRG 60
Tabela 21 Característica do bloco tipo GRG-H 61
Tabela 22 Dados técnicos da cola de gesso 64
Tabela 23 Utilização da cola de gesso tipo 1 e 2 64
Tabela 24 Consumo da cola de gesso por m² de parede 65
Tabela 25 Tabela de consumo para fixação superior 72
Tabela 26 Acessórios para fixação de objetos leves, médios e pesados 78
Tabela 27 Dimensionamento dos elementos de reforço 117
Tabela 28 Área máxima entre elementos de reforço 118
MÉTODO CONSTRUTIVO DE VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE
GESSO
RESUMO
O interesse mais recente na execução das paredes internas com blocos de gesso vem
despontando como uma opção à vedação vertical dos edifícios. No entanto, há ainda um
grande desconhecimento à respeito de sua tecnologia de produção, bem como do seu
comportamento, sendo incipientes as pesquisas realizadas no Brasil sobre esse assunto,
diferentemente de outros países, nos quais se tem uma tradição histórica de utilização. Dentro
desse contexto, este trabalho objetiva sistematizar o conhecimento existente relativo ao
método construtivo da vedação vertical interna com blocos de gesso em edifícios de múltiplos
pavimentos, construídos com estrutura reticular de concreto armado. A metodologia do
trabalho consistiu no levantamento do estado da arte, a partir do qual se busca caracterizar os
materiais, componentes, equipamentos e ferramentas necessários para a execução da vedação
vertical com blocos de gesso. Em seguida, são apresentados estudos de caso, visando
caracterizar o estágio atual do processo e do conteúdo do projeto para produção; identificar os
materiais, ferramentas e técnicas construtivas empregados no serviço em obras em execução.
Este trabalho permitiu definir os elementos que constituem a tecnologia construtiva das
vedações verticais internas com blocos de gesso, a saber: materiais, componentes,
armazenamento, ferramentas e equipamentos, técnica de execução e detalhes construtivos. A
pesquisa contribuiu para o avanço do conhecimento da tecnologia de produção das vedações
verticais e, principalmente, estimular o desenvolvimento da vedação vertical interna com
blocos de gesso.
Palavras-chave: Tecnologia construtiva. Vedação vertical interna. Blocos de gesso.
CONSTRUCTION METHOD OF THE INTERNAL VERTICAL SEALING WITH
GYPSUM BLOCKS
ABSTRACT
The latest interest in the implementation of the internal walls with gypsum blocks is emerging
as an option on the vertical sealing of buildings. However, there is still a great lack of
knowledge about the production technology, as well as their behavior, and the researches
conducted in Brazil are fledgling, unlike other countries where it has a historical tradition of
use. Within this context, this paper aims to systematize the knowledge on the construction
method of the internal vertical sealing with gypsum blocks in multiple floors buildings,
constructed with concrete structure. The methodology of this work consisted in survey the
state of the art, from which one seeks to characterize the materials, components, equipment
and tools required to execution the vertical sealing with gypsum blocks. Then, are presented
case studies to characterize the current stage of the process and content of design, identify the
materials, tools and construction techniques employed in the service works in progress. This
work helped to define the elements of the construction technology of internal vertical sealing
with gypsum blocks, namely: materials, components, storage, tools and equipment, execution
technique and construction details. The research contributed to the advancement of
knowledge of production technology of the vertical sealings and, especially, intended
stimulate the development of internal vertical sealing with gypsum blocks.
Keywords: Construction technology. Internal vertical sealing. Gypsum block.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 19
1.1 Justificativa 19
1.2 Objetivos 24
1.3 Metodologia 25
1.4 Estruturação do trabalho 26
2 VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE GESSO 27
2.1 A vedação vertical interna 27
2.2 Requisitos e critérios de desempenho da vedação vertical 30
2.2.1 Desempenho térmico 31
2.2.2 Resistência e reação ao fogo 32
2.2.3 Desempenho acústico 32
2.2.4 Estanqueidade 33
2.2.5 Desempenho estrutural 34
2.2.5.1 Desempenho de interação de portas com paredes 34
2.2.5.2 Resistência a impactos de corpo mole 35
2.2.5.3 Resistência a impactos de corpo duro 37
2.3 A vedação vertical interna com blocos de gesso 37
2.4 Características da vedação vertical interna com blocos de gesso 39
2.5 Utilização da vedação vertical interna com blocos de gesso no mercado
internacional
41
2.6 Utilização da vedação vertical interna com blocos de gesso no mercado
brasileiro
43
3 MATERIAIS, COMPONENTES, EQUIPAMENTOS E
FERRAMENTAS PARA A EXECUÇÃO DA VEDAÇÃO VERTICAL
INTERNA COM BLOCOS DE GESSO
46
3.1 Materiais e componentes 46
3.1.1 Blocos de gesso 46
3.1.1.1 Características dos blocos de gesso 52
3.1.1.2 Classificação dos blocos de gesso quanto a sua utilização 55
3.1.1.2.1 Blocos standard 56
3.1.1.2.2 Blocos hidrofugados 58
3.1.1.2.3 Blocos GRG 60
3.1.1.2.4 Blocos GRGH 61
3.1.1.3 Recebimento e estocagem dos blocos de gesso 61
3.1.2 Cola de gesso 62
3.1.3 Componentes para ligação com o piso 65
3.1.4 Componentes para fixação de esquadrias 66
3.1.4.1 Componentes para fixação de esquadrias de madeira 66
3.1.4.2 Componentes para fixação de esquadrias metálicas 68
3.1.5 Componentes para fixação vertical 68
3.1.5.1 Componentes para fixação à estrutura de concreto 68
3.1.5.2 Componentes para fixação à alvenaria de tijolo/bloco 69
3.1.5.3 Componentes para fixação à divisória acartonada 70
3.1.5.4 Componentes para fixação quando o extremo é livre 70
3.1.6 Componentes para fixação superior 70
3.1.7 Componentes para acabamento e proteção de ângulos e juntas 72
3.1.8 Componentes para fixação de cargas leves, médias e pesadas 73
3.1.8.1 Componentes para fixação de objetos leves 73
3.1.8.2 Componentes para fixação de objetos de peso médio 75
3.1.8.3 Componentes para fixação de objetos pesados 77
3.2 Equipamentos e ferramentas utilizados 79
3.2.1 Equipamentos e ferramentas para locação 79
3.2.2 Equipamentos e ferramentas para preparação dos materiais 80
3.2.3 Equipamentos e ferramentas para o corte dos componentes 80
3.2.4 Equipamentos e ferramentas para elevação das paredes,
fixação e acabamento
82
3.2.5 Equipamentos e ferramentas para controle geométrico 83
4 PESQUISA DE ESTUDOS DE CASO 86
4.1 Metodologia da pesquisa de estudos de caso 86
4.2 Estudo de caso 1 88
4.2.1 Caracterização da empresa de projeto e da obra 88
4.2.1.1 Empresa de projeto 88
4.2.1.2 Obra 89
4.2.2 Apresentação e análise de resultados 90
4.3 Estudo de caso 2 93
4.3.1 Caracterização da construtora e da obra 93
4.3.2 Apresentação e análise de resultados 94
5 MÉTODO CONSTRUTIVO DA VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA
COM BLOCOS DE GESSO
101
5.1 Condições de início 102
5.2 Locação da vedação 104
5.3 Preparação da superfície da interface para receber a vedação com blocos de
gesso
105
5.3.1 Encontro da vedação com blocos de gesso / estrutura de concreto 105
5.3.2 Encontro da vedação com blocos de gesso / alvenaria 108
5.3.3 Encontro da vedação com blocos de gesso / divisória de gesso
acartonado
109
5.4 Instalação das réguas metálicas 109
5.5 Execução da primeira fiada 110
5.6 Elevação da vedação 113
5.7 Fixação superior 114
5.7.1 Fixação em estruturas pouco deformáveis 114
5.7.2 Fixação em estruturas deformáveis 115
5.8 Acabamento final 116
5.9 Detalhes construtivos 116
5.9.1 Instalação dos elementos de reforço 116
5.9.2 Encontro entre paredes 118
5.9.2.1 Encontro em ―L‖ 118
5.9.2.2 Encontro em ―T‖ 119
5.9.3 Instalações elétricas 120
5.9.4 Fixação de marcos de porta 121
5.9.4.1 Fixação dos marcos de madeira 121
5.9.4.2 Fixação dos marcos metálico 123
5.9.5 Fixação de reforços nos cantos de abertura 125
5.9.6 Fixação de objetos 127
5.9.7 Isolamento acústico 127
6 CONCLUSÕES 129
6.1 Considerações finais 129
6.2 Proposta para temas futuros 131
REFERÊNCIAS 132
ANEXO A – Questionário projetista 138
ANEXO B – Questionário caracterização da empresa e da obra 147
19
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
A indústria da construção civil é um importante segmento da economia nacional, sendo
responsável, segundo a Fundação Getúlio Vargas (2009), por 8,04% da composição do
PIB.
A Figura 1 apresenta a composição da cadeia produtiva da construção civil em 2008.
Figura 1 – Composição da cadeia produtiva da construção civil em 2008 (FUNDAÇÃO
GETÚLIO VARGAS, 2009)
Além disso, a construção civil experimenta uma fase de mudanças, na qual se observam novas
formas de organização e atuação no setor, fortemente marcada pelo aumento do market share,
expansão geográfica e diversificação de atuação (VALOR ECONÔMICO, 2008).
É este o cenário em que se inserem hoje as empresas de construção, no qual o
acirramento da competição está associado à obrigação vital de atendimento às legítimas
exigências dos clientes, consumidores, sócios, parceiros, investidores e da sociedade.
20
As mudanças da economia mundial e os reflexos na realidade nacional colocam a
redução dos custos de produção como um desafio vital para as empresas construtoras,
de modo que muito se fala em racionalização da construção civil, redução de
desperdícios, lean construction, entre tantas outras ações que visam à competitividade.
Dessa forma, a construtora que deseje obter vantagem competitiva no mercado deve
produzir pelo menor custo, sem, no entanto, deixar de considerar a qualidade exigida
para o produto. Em se tratando da construção de edifícios, a racionalização construtiva é
um elemento diferencial na estratégia das empresas e de sobrevivência no mercado.
Particularmente, a racionalização através das alvenarias de vedação do edifício, pode
significar uma vantagem relevante para se alcançar o sucesso. Como justificativas para
esta afirmação, podem-se citar os seguintes fatos (LORDSLEEM JR., 2000; DUEÑAS,
2003; SILVA et al., 2008):
as paredes de alvenaria são os elementos mais freqüentemente e
tradicionalmente empregados na construção, sendo muitas vezes responsáveis
por parcela expressiva do desperdício em obra;
pode alcançar de 20 a 40% do custo total da obra, considerando-se as interrelações com o conjunto das esquadrias, das instalações elétricas e
hidrossanitárias e dos revestimentos;
possuem profunda relação com a ocorrência de patologias: as paredes de
alvenaria são os elementos mais susceptíveis à fissuração;
as paredes de vedação em alvenaria determinam grande parte do desempenho do
edifício como um todo, por serem responsáveis pelo conforto, higiene, saúde e
segurança de uso.
21
Dentro desse contexto, a vedação com blocos de gesso torna-se uma alternativa na
construção das vedações verticais, principalmente pelas vantagens apregoadas pelos
fabricantes, dentre as quais (ISOLAVA, 2009; SUPERGESSO, 2008): menor tempo de
execução, maior área útil, possibilidade de instalação sobre o piso definitivo,
flexibilidade de lay out, paredes mais leves, menor sobrecarga na estrutura, precisão
dimensional e melhor conforto termo-acústico.
Acrescente-se a isso uma pesquisa realizada por Ciarlini, Pinto e Osório (2005), a qual
se constatou, que a utilização dos blocos de gesso pode gerar uma redução de armaduras
em cerca de 12%, redução do volume de concreto nas fundações cerca de 25%, redução
das somatórias das cargas verticais cerca de 15% e diminuição de flechas instantâneas e
de longo prazo, diminuindo as patologias a elas associadas quando se executam
vedações com blocos de gesso.
Cabe considerar essa afirmação com bastante critério, tendo em vista que as vantagens
apregoadas por um lado, podem comprometer outros requisitos de desempenho da
vedação e do próprio edifício, como por exemplo: a diminuição da taxa de armadura e
do volume de concreto provavelmente resultam em maior deformabilidade da estrutura,
situação pouco adequada para as vedações com blocos de gesso.
Uma outra pesquisa realizada por Rocha (2007), na qual foi feito um estudo
comparativo entre a utilização de blocos cerâmicos de dimensão (7 x 9 x 19) cm e a
utilização dos blocos de gesso de dimensão (70 x 500 x 660) mm (espessura x altura x
comprimento) nas vedações internas sem função estrutural, constatou-se uma economia
na utilização dos blocos de gesso nos edifícios de 6, 10, 14, 18 e 22 pavimentos.
A Figura 2 ilustra um dos resultados da pesquisa realizada por Rocha (2007), na qual se
observa, no eixo das abscissas, a quantidade de pavimentos de um edifício e um
comparativo do custo entre e os blocos cerâmicos e de gesso, com a porcentagem de
economia dos blocos de gesso no custo total, ilustrada acima dos gráficos de barra.
22
Figura 2 – Percentual de redução no custo total (ROCHA, 2007)
Países como Espanha, França e Estados Unidos utilizam em larga escala tecnologias
construtivas com o gesso, tais quais execução de vedação, forros e revestimentos.
Segundo a Asociación Técnica Y Empresarial del Yeso (ATEDY, 2008) da Espanha, o
emprego de blocos de gesso em vedação naquele país ultrapassa 25 anos; porém, atribui
à França a origem e o desenvolvimento da tecnologia das vedações verticais com blocos
de gesso.
As indústrias de gesso na França representam cerca de 95% da produção do país de
todos os produtos da construção e aproximadamente 95% do volume de negócios do
mercado francês de gesso. Em 2005, o consumo da placa de gesso na França foi maior
que 260 milhões de m², aproximadamente 4 m² por habitante. Além disso, a indústria de
gesso francesa é líder na Europa (LÊS INDUSTRIES DU PLATRE, 2009).
De acordo com a mesma bibliografia anterior, o gesso faz parte do cotidiano da
população da França, seja nas habitações (casas ou edifícios multipavimentos), nas
edificações comerciais ou nos estabelecimentos públicos. Está integrado a todos os tipos
de edificações, seja sob a forma de decoração interior, como também na construção de
paredes ou execução de forros nos tetos.
23
Os Estados Unidos é considerado o maior produtor mundial de gesso. Enquanto, a
Europa possui um consumo de gesso de cerca de 80 kg/hab/ano, os Estados Unidos
consome mais de 100 kg/hab/ano (FINEP, 2009).
No Brasil, existem grandes reservas de gesso de alta pureza, com 95% desses depósitos
concentrados no noroeste do estado de Pernambuco. Grande parte deste gesso é
utilizado para a indústria dental, ortopédica e de construção (MANCINO, 2008).
Particularmente, o uso dos blocos de gesso no Brasil ainda é restrito, principalmente
devido à falta de conhecimento na tecnologia do serviço de vedação e a localização das
jazidas de gipsita, situadas no oeste do Estado de Pernambuco, longe dos grandes
centros consumidores localizados na região sudeste do país. Entretanto, há o interesse
no seu estudo, uma vez que o consumo de gesso vem se expandido cerca de 8% ao ano
no Brasil (SINDUSGESSO, 2009).
Embora por um lado, observe-se um interesse crescente no uso dos blocos de gesso nas
vedações internas em edifícios de múltiplos pavimentos, notadamente em cidades do
nordeste brasileiro; por outro lado, há um grande desconhecimento a respeito de sua
tecnologia de produção, bem como do seu comportamento, sendo incipientes as
pesquisas realizadas no Brasil sobre esse assunto (LORDSLEEM JR., 2009).
Ressalte-se a percepção da prática de implantação das vedações com blocos de gesso na
produção de edifícios em algumas obras da cidade de Recife/PE e Fortaleza/CE, cujas
constatações demonstraram a ausência de planejamento, permitindo decisões no
momento da execução.
Além disso, pelo fato do processo de produção da vedação vertical não ser pensado
conjuntamente com os demais subsistemas do edifício, observa-se uma dificuldade na
integração entre as atividades envolvidas, sendo as soluções muitas vezes improvisadas
e contrariando as recomendações dos fabricantes (LORDSLEEM JR., 2009).
Acrescente-se a falta de conhecimento tecnológico sobre o assunto por parte dos vários
agentes envolvidos no processo de produção das vedações com blocos de gesso:
24
fabricantes dos materiais e componentes, projetistas, empresa construtora e mão-de-obra
de produção, tornando sua aplicação pouco confiável, já que não se tem parâmetros para
seu controle de qualidade.
Essa situação, num futuro breve, poderá levar à existência de graves problemas no
relacionamento fabricante/cliente, caso a implantação da vedação com blocos de gesso
ocorra de forma isolada, sendo apenas utilizada em substituição à tradicional vedação
em alvenaria com tijolos cerâmicos.
Lordsleem Jr. (2009) ressalta que o custo de produção pode inclusive ser superior ao
planejado e também haver a ocorrência de problemas patológicos, resultando em uma
rejeição desse produto e inviabilizando-o em obras posteriores, com prejuízo à imagem
da construtora.
Nesse sentido, o presente trabalho busca caracterizar o método construtivo da vedação
vertical interna com blocos de gesso, tratando do seu desempenho; analisando os
materiais, componentes, equipamentos e ferramentas necessários para a execução e
apresentando os procedimentos de execução da vedação, visando contribuir para o
avanço do conhecimento da tecnologia de produção das vedações verticais e,
principalmente, estimular o desenvolvimento da vedação vertical interna com blocos de
gesso.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo principal da pesquisa consiste em sistematizar o conhecimento relativo ao
método construtivo de vedação vertical com blocos de gesso em edifícios de múltiplos
pavimentos, construídos com estrutura reticular de concreto armado.
1.2.2 Objetivos específicos
Para a efetiva consecução do objetivo geral desta pesquisa serão cumpridos os seguintes
objetivos específicos:
25
apresentar e discutir os requisitos e critérios de desempenho requeridos para as
vedações verticais internas;
apresentar o atual estado da arte do uso de blocos de gesso no Brasil e no
exterior, através de revisão bibliográfica;
identificar e analisar os materiais, componentes, equipamentos e ferramentas
necessários para a execução do serviço;
estabelecimento do método construtivo para a execução das vedações verticais
internas com blocos de gesso.
1.3 Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho foi adotada uma metodologia composta pelas
seguintes etapas interdependentes:
levantamento bibliográfico visando identificar, na literatura, as características
técnicas, de desempenho e de execução das vedações verticais com blocos de
gesso, através de consulta a catálogos de fabricantes de blocos de gesso, artigos
de revistas nacionais e internacionais, normas, sites na internet de institutos de
pesquisa e associações de gesso, de equipamentos e ferramentas;
levantamento do estado da arte da elaboração do projeto para produção,
considerando a especificidade da vedação com blocos de gesso (interface com a
estrutura de concreto, amarração entre blocos, amarração entre paredes,
modulação, reforços metálicos, aberturas, etc). Para tanto, foram efetuadas
visitas ao projetista especializado no desenvolvimento do projeto de vedação
vertical com blocos de gesso;
visitas à empresa construtora e obra que empregam o serviço de vedação vertical
com blocos de gesso para identificar a situação e o contexto da execução das
vedações com blocos de gesso, detecção das dificuldades de implantação da
tecnologia e patologias existentes;
finalmente, apresentação do método construtivo da vedação vertical com blocos
de gesso ressaltando os cuidados necessários em cada uma das etapas de
execução e destacando os principais problemas observados durante as visitas
realizadas nos canteiros de obras.
26
Vale ressaltar que foram desenvolvidos questionários (check-lists) para auxiliar a coleta
de dados nas visitas realizadas.
1.4 Estruturação do trabalho
Este trabalho está dividido em seis capítulos, sendo o primeiro relativo à introdução e o
sexto referente às considerações finais.
O capítulo 2 denominado de ―VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE
GESSO‖ descreve o conceito referente à vedação vertical interna com blocos de gesso,
ressaltando as características do serviço e requisitos de desempenho. Além disso,
apresenta a utilização dos blocos de gesso existentes nos países estrangeiros que
executam o serviço e no Brasil.
O capítulo 3, intitulado de ―MATERIAIS, COMPONENTES, EQUIPAMENTOS E
FERRAMENTAS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO DA VEDAÇÃO VERTICAL
COM BLOCOS DE GESSO‖, apresenta os materiais, componentes, equipamentos e
ferramentas necessários para a execução do serviço tanto os comercializados no Brasil
quanto no exterior.
O capítulo 4, ―PESQUISA DE ESTUDO DE CASOS‖, apresenta duas pesquisas de
estudo de casos realizadas na cidade do Recife. A pesquisa de estudo de casos 1,
realizada em uma empresa de projeto e uma obra, visou verificar como vem sendo
realizado a elaboração do projeto para produção da vedação vertical com blocos de
gesso, assim como seu conteúdo (plantas e documentos) existente.
A pesquisa de estudo de casos 2 foi realizada em uma obra e buscou identificar os tipos
de materiais, componentes e ferramentas empregados, assim como a técnica de
execução que está sendo executada nesse serviço.
No capítulo 5, denominado de ―MÉTODO CONSTRUTIVO DA VEDAÇÃO
VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE GESSO‖, é apresentado um procedimento
para a execução da vedação vertical interna com blocos de gesso, ressaltando os
cuidados necessários em cada uma das etapas de execução.
27
2 VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE GESSO
Este capítulo trata dos principais conceitos básicos a serem entendidos no que se refere
às vedações verticais internas, focando principalmente aquelas constituídas por blocos
de gesso, assim como a caracterização do emprego dessa tecnologia internacional e
nacionalmente.
São apresentadas, inicialmente, a definição, as funções e classificações das vedações
verticais internas e, posteriormente a definição e as características das vedações
verticais internas com blocos de gesso.
2.1 A vedação vertical interna
De acordo com Barros (2000), o edifício é composto por quatro subsistemas, tais quais:
estrutura, vedações exteriores, vedações interiores e sistemas prediais, conforme
apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 – Os subsistemas do edifício, seus componentes e elementos (BARROS, 2000)
SUBSISTEMA COMPONENTES
ESTRUTURA
Fundações sapatas, estacas, vigas, baldrames, tubulões, etc
Super estrutura pilares, vigas, painéis, lajes, escadas, etc
VEDAÇÕES EXTERIORES
Vedações verticais divisórias (paredes, parapeito); aberturas porta/janela
Vedações horizontais piso (terraços, sacadas); aberturas; coberturas
VEDAÇÕES INTERIORES
Vedações verticais divisórias (paredes, parapeito); aberturas porta/janela
Vedações horizontais piso; aberturas (alçapões)
SISTEMAS PREDIAIS
Distribuição e disposição de águas água fria, esgoto, água pluvial
Aquecimento e ventilação distribuição de gás combustível, circuito de ar
condicionado
Distribuição de gás ar comprimido, distribuição de gás, etc
Elétrica alta e baixa voltagem, equipamento elétrico emergência
Telecomunicações telefone, distribuição de circuito de rádio e televisão
Transporte mecânico e
eletromecânico elevadores, escadas rolantes, etc.
Transporte pneumático e
gravitacional disposição de resíduos sólidos, limpeza a vácuo, etc.
Segurança proteção contra intrusos, incêndio, queda de energia
28
De acordo com a Tabela 1, as vedações verticais fazem parte dos subsistemas vedações
exteriores e interiores e são compostas pelas divisórias (paredes e parapeitos) e
aberturas (portas e janelas).
Sabbatini (1989) afirma que a vedação vertical é entendida como um subsistema do
edifício constituído por elementos que definem, limitam e compartimentam
verticalmente os ambientes internos controlando a ação dos agentes atuantes.
Fazem parte da vedação vertical os seguintes elementos (BARROS et al., 2003):
Vedo: caracteriza a vedação vertical, são as paredes;
Esquadrias: possibilitam o controle de acesso aos ambientes, fazem parte das
esquadrias as portas e janelas;
Revestimento: possibilita o acabamento decorativo da vedação, pode incluir o
sistema de pinturas.
Por sua vez, de acordo com Elder e Vandenberg, (1977) apud Taniguti (1999) as
vedações verticais internas são aquelas constituídas por elementos que subdividem o
volume interno do edifício, compartimentando-os em vários ambientes.
Sabbatini et al (1988), afirmam que a vedação vertical pode ser classificada sob
diferentes enfoques: quanto à técnica de execução, quanto à mobilidade, quanto à
densidade superficial, quanto à estruturação e quanto à continuidade superficial,
explicitados na Tabela 2.
Assim, de acordo com as classificações apresentada na Tabela 2, a vedação vertical
interna com blocos de gesso pode ser definida como sendo uma vedação vertical
utilizada na compartimentação e separação de espaços internos em edificações, leve (até
100kg/m²), fixa, monolítica, auto portante e executada por conformação.
29
Tabela 2 – Características da vedação vertical (SABBATINI et al, 1988)
Quanto à técnica de execução
Por conformação
Moldadas ou elevadas no próprio local, com o emprego de água, denominada
usualmente de ―construção úmida‖ ou ―wet construction‖. Trata-se das vedações em
alvenaria ou de painéis moldados no local.
Por acoplamento a seco
Montadas a seco, sem a necessidade do emprego de água, usualmente denominadas
―construção seca‖ ou ―dry construcion‖. Trata-se de vedações produzidas com painéis
leves.
Por acoplamento úmido Montadas consolidarização com argamassa. Trata-se de vedações, produzidas com
elementos pré-moldados ou pré-fabricados de concreto.
Quanto à mobilidade
Fixas Necessitam receber os acabamentos no local. Em caso de transformação do espaço, os
elementos constituintes dificilmente são recuperáveis.
Desmontáveis
Passíveis de serem desmontadas com pouca degradação. A remontagem irá requerer a
reposição de algumas peças e levará mais tempo para a execução dos ajustes
necessários.
Removíveis Passíveis de serem montadas e desmontadas facilmente, sem degradação dos elementos
constituintes. Trata-se de elementos totalmente modulares.
Móveis Empregadas na simples compartimentação dos ambientes, não estando vinculadas a
nenhuma outra parte do edifícios.
Quanto à densidade superficial
Leves Não estruturais, de densidade superficial baixa, sendo o limite convencional de
aproximadamente 100kg/m².
Pesadas Podem ser estruturais ou não, de densidade superficial superior ao limite prédeterminado de aproximadamente 100kg/m².
Quanto à estruturação
Estruturadas Necessitam de uma estrutura reticular de suporte dos componentes da vedação.
Auto-portantes Não necessitam de uma estrutura de suporte dos componentes da vedação.
Pneumáticas Sustentadas a partir da injeção de ar comprimido. São de pouco uso atual.
Quanto à continuidade superficial
Monolíticas Quando a absorção dos esforços transmitidos à vedação é feita por todo o conjunto dos
elementos, que trabalham solidariamente.
Modulares Quando a absorção dos esforços transmitidos à vedação é feita pelos componentes de
modo individual, em função da existência de elementos de juntas.
Além das funções principais de dividir o ambiente em compartimentos e de proteção, as
vedações verticais apresentam as seguintes funções secundárias: servir de suporte e
proteção às instalações do edifício, servir de proteção aos equipamentos de utilização do
edifício, criar condições de habitabilidade do edifício e suprir a função estrutura ou
parte da estrutura (LORDSLEEM JR., 2000).
Para desempenhar tais funções, o subsistema vedação vertical deve apresentar
determinadas requisitos de desempenho, que também podem ser denominados
requisitos funcionais, dentre os quais se destacam:
desempenho térmico;
30
desempenho acústico;
estanqueidade à água;
controle da passagem de ar;
proteção e resistência contra a ação do fogo;
desempenho estrutural;
controle de iluminação e de raios visuais;
durabilidade;
custos iniciais e de manutenção;
padrões estéticos;
facilidade de limpeza e higienização.
O conceito dos requisitos e critérios de desempenho da vedação vertical será abordado
no item a seguir.
2.2 Requisitos e critérios de desempenho da vedação vertical
De acordo com Borges (2008), o edifício é um produto que deve apresentar
determinadas características que o capacitem a cumprir objetivos e funções para os
quais foi projetado quando submetido a determinadas condições de exposição e uso.
Para que uma vedação vertical cumpra adequadamente as funções para a qual é
projetada e construída a mesma deverá atender a diversos requisitos e critérios de
desempenho (SABBATINI, 2002).
Segundo a Norma Brasileira ABNT NBR 15575 – Parte 1 (ABNT, 2008), os requisitos
de desempenho são condições que expressam qualitativamente os atributos que o
edifício habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam satisfazer às
exigências dos usuários, já os critérios de desempenho são especificações quantitativas
dos requisitos de desempenho, expressos em termos de quantidade mensuráveis, a fim
de que possam ser objetivamente determinados.
Os requisitos de desempenho são expressos de forma qualitativa, enquanto os critérios
procuram traduzir as necessidades dos usuários em termos quantitativos e sempre
31
associados a métodos de avaliação que permitem a verificação objetiva do atendimento
ou não aos requisitos (BORGES, 2008).
Souza (1983) afirma que para a avaliação do desempenho, é necessário definir
inicialmente os requisitos do mesmo para que, posteriormente, seja possível mensurá-lo,
avaliando se o produto ou uma de suas partes atendem aos requisitos, através do
estabelecimento dos critérios de desempenho.
Assim, Taniguti (1999) conclui que o cumprimento dos requisitos e critérios de
desempenho objetiva satisfazer às necessidades dos usuários, garantindo aos mesmos a
segurança e durabilidade do edifício, bem como as condições de habitabilidade.
Segundo Sabbatini et al. (1988), os requisitos de desempenho das vedações verticais
referem-se à:
Desempenho térmico;
Resistência e reação ao fogo;
Desempenho acústico;
Estanqueidade à água e ao vapor d’água;
Desempenho estrutural.
Serão apresentados os requisitos e critérios de desempenho das vedações verticais
internas, enfatizando as pesquisas existentes em relação ao desempenho das vedações
com blocos de gesso. Quando não citadas, não foram encontradas pesquisas em relação
ao desempenho com blocos de gesso, no Brasil e no exterior.
2.2.1 Desempenho térmico
A norma brasileira ABNT NBR 15575 – Parte 4 (ABNT, 2008) estabelece os requisitos
e critérios para verificação dos níveis mínimos de desempenho térmico apenas para o
sistema de vedação vertical externa.
32
2.2.2 Resistência e reação ao fogo
As paredes da vedação vertical e demais componentes do sistema de vedação possuem a
capacidade em apresentarem determinada resistência à ação do fogo, mantendo sua
estabilidade e integridade e conservando suas características funcionais de isolação
térmica e estanqueidade a chamas e gases quentes, durante um certo período
(SABBATINI, F.H.; FRANCO, L. S.; BARROS, M. M. S. B, 1997).
2.2.3 Desempenho acústico
De acordo com a norma ABNT NBR 15575 – Parte 4 (ABNT, 2008), o isolamento
acústico é projetado a partir do desempenho acústico dos sistemas compostos de
materiais, componentes e elementos, de modo a assegurar o conforto acústico, em
termos de níveis de ruído de fundo transmitido via aérea e estrutural, bem como
privacidade acústica, em termos de não inteligibilidade à comunicação verbal.
Os métodos disponíveis para a verificação, segundo a norma ABNT NBR 15575 – Parte
4 (ABNT, 2008), são:
Método de laboratório – determina a isolação sonora de elementos construtivos
(parede, janela, porta e outros).
Método de engenharia – determina, em campo, de forma rigorosa, a isolação
sonora global da vedação externa, caracterizando de forma direta o
comportamento acústico do sistema. Entre as medições de campo, o método de
engenharia é o mais recomendável.
Método simplificado de campo – determina e permite obter uma estimativa do
isolamento sonoro global da vedação externa, em situações onde não se dipõe de
instrumentação necessária para medir o tempo de reverberação, ou quando as
condições de ruído de fundo não permitem obter este parâmetro.
O sistema de vedação vertical interna deve apresentar diferença padronizada de nível
ponderada conforme a Tabela 3.
33
Tabela 3 – Valores de resistência acústica recomendados da diferença padronizada de nível,
para ensaio de campo (ABNT NBR 15575 – 4, 2008)
Elemento DnT,w
Paredes de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trãnsito
eventual como corredores, halls e escadarias nos pavimentos-tipo
30 a 34
Parede de dormitórios entre uma unidade habitacional e corredores, halls e escadarias nos
pavimentos-tipo
40 a 44
Parede entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de pessoas,
atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de
festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas
45 a 49
Paredes entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação) 40 a 44
A isolação entre ambientes deve apresentar índice de redução sonora ponderado,
conforme indicado na Tabela 4.
Tabela 4 – Valores de resistência acústica recomendados da diferença padronizada de nível,
ponderada entre ambientes, para ensaio de campo (ABNT NBR 15575 – 4, 2008)
Elemento da edificação Índice de redução
sonora ponderado
Rw / dB
Parede de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de
corredores, halls e escadaria nos pavimentos-tipo
35 a 39
Parede de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas comuns de
trânsito eventual, como corredores, halls e escadarias nos pavimentos-tipo
45 a 49
Parede entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de
pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas
de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos,
cozinhas e lavanderias coletivas
50 a 54
Paredes entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação) 45 a 49
2.2.4 Estanqueidade
A vedação vertical interna não deve permitir a infiltração de água, através de suas faces,
quando em contato com áreas molháveis e molhadas. A quantidade de água que penetra
na vedação não deve ser superior a 3 cm³, por um período de 24h, em uma área exposta
com dimensões de 34 cm x 16 cm (ABNT NBR 15575 – 4, 2008).
34
2.2.5 Desempenho estrutural
2.2.5.1 Desempenho de interação de portas com paredes
O desempenho de interação de portas com paredes consiste na avaliação do
comportamento do sistema porta-fixação e de sua interação com as paredes que a
confina. O sistema aplicado é submetido a uma seqüência de 10 choques, conforme
metodologia da norma NBR 15575- Parte 4 (ABNT, 2008), de forma a avaliar as
patologias (fissuras e destacamento) sofridas no sistema e na parede ensaiadas.
De acordo com a norma NBR 15575- Parte 4 (ABNT, 2008), o sistema de vedação
vertical interna dos edifícios habitacionais, deve permitir o acoplamento de portas e
apresentar desempenho que satisfaça as seguintes condições:
quando as portas forem submetidas a dez operações de fechamento brusco, as
paredes não devem apresentar falhas, tais como rupturas, fissurações,
destacamentos no encontro entre componentes das paredes e outros;
sob ação de um impacto de corpo mole com energia de 240 J, aplicado no centro
geométrico da folha de porta, não deve ocorrer deslocamento ou arrancamento
do marco, nem ruptura ou perda de estabilidade da parede. Admiti-se, no
contorno do marco, a ocorrência de danos localizados, tais como fissurações e
estilhaçamentos.
O laboratório ITEP (Instituto de Tecnologia do Estado de Pernambuco), realizou
ensaios em vedações verticais internas com blocos de gesso vazado de 70 mm de
espessura, construídas em um edifício residencial na cidade do Recife (ITEP, 2009). Os
resultados são apresentados na Tabela 5.
35
Tabela 5 – Resultados dos ensaios de interação portas-paredes (ITEP, 2009)
Ensaio Ação Comportamento
Fechamento brusco
1º impacto Formação de pequena fissura por sobre o marco da grade
superior da porta
2º impacto Formação de pequena fissura e pequeno destacamento
3º impacto Maior nível de fissuração e diminutos destacamentos
4º impacto Extensão dos destacamentos, na parte superior
5º impacto Extensão dos destacamentos, na parte superior
6º impacto Extensão dos destacamentos, em todo contorno lateral de
fechamento
7º impacto Extensão dos destacamentos, em todo contorno lateral de
fechamento
8º impacto Extensão dos destacamentos, em todo contorno lateral de
fechamento
9º impacto Extensão dos destacamentos, em todo contorno lateral de
fechamento
10º impacto Extensão dos destacamentos, em todo contorno lateral de
fechamento
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 5, percebe-se que os mesmos
atendem aos requisitos mínimos da Norma Brasileira NBR 15575- Parte 4 (ABNT,
2008) no que refere aos critérios analisados.
2.2.5.2 Resistência a impactos de corpo mole
O ensaio de resistência a impactos de corpo mole avalia o comportamento de um trecho
da vedação submetida a choques, em uma sequência de energia e quantidades préestabelecida, de forma a avaliar as patologias e da amplitude do deslocamento linear
sofridas no trecho da vedação ensaiada.
De acordo com a Norma Brasileira NBR 15575 – Parte 2 (ABNT, 2008), sob a ação de
impactos de corpo mole, os componentes da estrutura, localizados no interior do
edifício e na fachada:
a) Não devem sofrer ruptura ou instabilidade sob as energias de impacto
estabelecidas na Tabela 5, sendo tolerada a ocorrência de fissuras, escamações,
delaminações e outros danos em impactos de segurança, respeitados os limites
para deformações instantâneas e residuais dos componentes.
b) Não podem causar danos a outros componentes acoplados aos componentes sob
ensaio.
36
As limitações de deslocamentos instantâneos (dh ou dv) e residuais (dhr ou dvr), sendo
que h se refere ao deslocamento horizontal e v se refere ao deslocamento vertical, para o
nível mínimo são apresentados na Tabela 6.
Tabela 6 – Critérios de níveis de desempenho para elementos estruturais localizados no interior
do edifício e na fachada (ABNT NBR 15575 – 2, 2008)
Energia de impacto
de corpo mole (J)
Critério de desempenho
360
Não ocorrência de ruína; são admitidas falhas localizadas (fissuras,
destacamentos e outras)
240
Não ocorrência de ruína; são admitidas falhas localizadas (fissuras,
destacamentos e outras)
180 Não ocorrência de falhas
120
Não ocorrência de falhas
dh ≤ h/250 e dhr ≤ h/1 250 para pilares, sendo h a altura do pilar
dh ≤ L/200 e dhr ≤ L/1 000 para vigas, sendo L o vão teórico da viga
O laboratório ITEP (Instituto de Tecnologia do Estado de Pernambuco), realizou
ensaios em vedações verticais internas com blocos de gesso vazado de 70 mm de
espessura, construídas em um edifício residencial na cidade do Recife. Os resultados
são apresentados na Tabela 7.
Tabela 7 – Resultados de ensaio da resistência ao impacto de corpo mole (ITEP, 2009)
Componente Energia
(J)
Deslocamentos horizontais (mm)
Observações
Parede interna
(e=70 mm)
Instantâneo dh Residual dhr
60 0,0 0,0 Não apresentou fissuras
120 0,2 0,0 Não apresentou fissuras
180 0,6 0,4 Aparecimento de fissuras e indicativo de
destacamento superior entre apoios
240 1,0 0,6 Crescimento de fissuras e de destacamento no
trecho superior entre apoios da parede
360 --- --- Destacamentos localizados junto à área de
impacto, fissuras sem ocorrência de ruína
480 -- -- Aumento dos destacamentos na região superior
e de impacto, fissuras generalizadas, sem a
ocorrência de ruína
37
Segundo o relatório do ITEP (2009), não foram observadas fissuras ou danos
significativos na parede durante a aplicação de energia até 120J. Após o último choque
de 180J foi observada fissuras e início de destacamento no apoio superior da parede,
não pondo em risco a estabilidade da parede. Entretanto, a Norma Brasileira ABNT
15575 – Parte 2 (2008), afirma que não até a energia de 180J não deve haver a
ocorrência de falhas.
Os deslocamentos máximos registrados não ultrapassaram 10 mm no instantâneo e 2,0
mm no residual para o choque de 240J, atendendo a Norma Brasileira ABNT 15575 –
Parte 2 (2008).
2.2.5.3 Resistência a impactos de corpo duro
De acordo com a Norma Brasileira ABNT 15575 – Parte 2 (2008), os componentes da
edificação não devem sofrer ruptura ou traspassamento sob qualquer energia sob a ação
do impacto de corpo duro, sendo tolerada a ocorrência de fissuras, lascamentos e outros
danos em impactos de segurança. A Tabela 8 apresenta os critérios de desempenho.
Tabela 8 – Critérios e níveis de desempenho para elementos estruturais localizados no interior
do edifício e na fachada (ABNT NBR 15575 – 2, 2008)
Energia de impacto
de corpo duro J a) Critério de desempenho
2,5
Não ocorrência de falhas
Mossas com qualquer profundidade
10
Não ocorrência de ruína e traspassamento
Admitidas falhas superficiais como mossas, fissuras e desagregações
a) Sentido do impacto de dentro para fora, aplicado na face interna
2.3 A vedação vertical interna com blocos de gesso
Na Espanha a vedação vertical com blocos de gesso é definida como uma vedação
formada por blocos de gesso com uma espessura igual ou superior a 5 cm, que possui a
superfície lisa e é destinado a compartimentar as paredes internas de um edifício
(ATEDY, 2009).
38
Neste trabalho, a vedação vertical com blocos de gesso é definida como sendo um
elemento construído através da união de blocos de gesso por juntas de cola de gesso em
uma obra, formando um conjunto rígido (Figura 3).
Figura 3 – Vedação vertical com blocos de gesso
De acordo com a norma francesa NF EN 15318 (AFNOR, 2008), as vedações verticais
com blocos de gesso asseguram uma ou mais das seguintes funções: divisão, proteção
contra incêndios, isolamento acústico ou isolamento térmico, suporte de cargas e
resistência ao impacto.
Devido à tecnologia de fabricação e às características intrínsecas dos materiais
utilizados, esse método construtivo é prático, permitindo à obra conveniência, precisão,
economia de espaço e permitindo diversas formas de acabamento como colagem de
papel, colagem, de fórmica, assentamento de cerâmica e pintura (PERES;
BENACHOUR; SANTOS, 2001).
Dentre as vantagens anunciadas por um dos principais fabricantes nacionais de blocos
de gesso, através de um bom planejamento para a vedação vertical com blocos de gesso,
é possível uma média de redução da carga estrutural de 10%, economizando na
utilização do aço e otimizando a construção. Sua utilização proporciona uma construção
limpa, rápida, barata, leve, resistente e de fino acabamento (BRASIL GYPSUM, 2009).
39
De acordo com a FINEP (2009) trata-se de um sistema racionalizado que busca reduzir
o desperdício de materiais, racionalizar a mão-de-obra, os tempos de execução e,
conseqüentemente, os custos finais da construção.
Outra vantagem destacada pela Brasil Gypsum (2009) é que através da utilização dos
blocos de gesso, pode-se antecipar a etapa de revestimento cerâmico e rebaixamento dos
banheiros em todos os pavimentos para, em seguida, executar a vedação (BRASIL
GYPSUM, 2009).
Segundo a Brasil Gypsum (2009), uma pesquisa realizada comparando os orçamentos
entre uma edificação com lajes maciças, protendidas, paredes com blocos de concreto
revestidas com gesso e outra edificação com lajes nervuradas, sem protensão e paredes
de gesso, constatou-se que o custo de duas torres executadas com vedação com blocos
de concreto seria possível construir três torres com a edificação executada com blocos
de gesso.
2.4 Características da vedação interna com blocos de gesso
De acordo com Atual (2009), a vedação vertical com blocos de gesso possui onze
características inerentes ao sistema, conforme Tabela 9.
40
Tabela 9 – Características da vedação vertical interna com blocos de gesso (ATUAL, 2009)
Características da vedação vertical interna com blocos de gesso
Incombustível
Apresenta grande resistência à propagação das chamas, a
molécula d ’água nele contida opõe-se à elevação e à
propagação do calor servindo como barreira corta-fogo
Isolante térmico
Apresentam baixo coeficiente de condutividade térmica devido
à elevada micro-porosidade aliada à baixa densidade, com isso
o calor se propaga mais lentamente no interior dos blocos,
diminuindo a intensidade e retardando a transmissão do calor
entre superfícies.
Isolante acústico
Apresentam elevado índice de redução sonora para principais
freqüências de percepção humana. Nos blocos maciços de 100
mm de espessura é possível obter redução de até 38 decibéis
para freqüências entre 500 a 800hz
Higro-ativo
Apresentam micro porosidade e permeabilidade ao ar úmido,
constituindo um facilitador de troca de grau de umidade entre
o ambiente, possibilitando a obtenção de equilíbrio higrotérmico.
Estabilidade e precisão
dimensional
O baixíssimo coeficiente de dilatação térmica e hidráulica,
aliado a fabricação industrial, possibilita a obtenção de
componentes com precisão e padronização dimensional.
Leveza
Devido a sua baixa densidade, os blocos de gesso são
fabricados com dimensões de face relativamente elevadas
(0,33m²), possibilitando a construção de alvenarias com baixa
densidade por área construída.
Maior produtividade
Em virtude do tamanho do bloco, da facilidade de montagem,
aliado a precisão dimensional e de encaixe, a produtividade
média para elevação das paredes é de 25m² homem/dia. A cola
de gesso possui boa trabalhabilidade durante a execução.
Racionalização nas
etapas de construção
Devido ao acabamento e encaixe dos blocos, as paredes são
planas e niveladas, dispensando revestimento para correção. A
pintura com textura acrílica será executada sobre o próprio
bloco, sem a necessidade de chapiscar nem rebocar.
Menor desperdício de
materiais
Devido à facilidade de corte dos blocos, aproveitamento dos
pedaços cortados e do tempo estendido de utilização da cola, o
desperdício é reduzido.
Facilidade de reforma e
ampliação
Para reformar o ambiente, a vedação vertical com blocos de
gesso permite o corte e construção apenas com blocos e cola
de gesso, sem maiores danos e de fácil execução.
Fácil execução das
instalações elétricas e
hidráulicas
Os cortes para passagem das instalações elétricas e hidráulicas
são realizados com auxílio de máquina específica, isenta de
pó. A recomposição dos rasgos é realizada com gesso,
permitindo uma fácil execução das instalações.
De acordo com a Tabela 9, a vedação vertical interna com blocos de gesso se caracteriza
pela racionalização nas etapas de construção e pelo menor desperdício dos materiais
utilizados. Por conseguinte, para atingir essas duas características, é essencial o
desenvolvimento e a utilização do projeto para produção do serviço, para especificar o
local onde cada bloco será fixado, evitando assim a geração de resíduos.
41
Em relação aos aspectos construtivos das vedações verticais em blocos de gesso, Pires
Sobrinho (2009) ressalta as principais características técnicas, tais como:
Dimensões grandes (três blocos forma um metro quadrado de área) elevando a
produtividade;
Precisão milimétrica, com superfícies planas e encaixes macho-fêmea facilita a
elevação das paredes e a conferência do alinhamento e planicidade;
A união dos blocos se faz com fina camada de cola de gesso, não necessitando
de controle de espessura de junta, facilitando a aplicação e o controle;
Possibilita o corte com serrote/serra com praticidade e precisão, as sobras são
facilmente reaproveitadas na própria elevação, caso o projetista tenha
especificado através da modulação, gerando pouco resíduo;
Instalações elétricas podem seguir os vazios dos blocos ou em rasgos na
vedação, com facilidade e rapidez;
As vedações podem ser aplicadas sobre piso pronto, sem necessitar de
apicoamento, possibilitando sua remoção, aumentando a produtividade e
redução de trinchos em pisos;
A cola de gesso possui excelente aderência entre blocos de gesso e com outros
materiais (concreto, cerâmica. madeira, materiais fibrosos, etc).
2.5 Utilização da vedação vertical interna com blocos de gesso no mercado
internacional
A idéia de fabricar elementos pré-fabricados de vedação com materiais à base de gesso
para então executá-los, constituindo uma parede, surgiu com as primeiras utilizações do
gesso. Escavações arqueológicas relevaram a utilização desse tipo de pré-fabricado na
cidade de El Kowm, na Síria, no sexto milênio a.C., e em Paris no século III da nossa
Era (Maréchal, 1984 apud Nolhier, 1986).
Os egípcios, há 5000 anos queimavam gesso ao ar livre, transformando-o em um pó,
antes de misturá-lo com água para fazer uma ligação mineral para a fabricação dos
blocos de construção. Esses blocos foram utilizados para construir os colossais
42
monumentos egípcios, muito dos quais sobrevivem até hoje, como a magnífica Esfinge
e o túmulo de Tutankhamon (MANCINO, 2009).
No Irã a aplicação mais comum de gesso é em argamassa, entretanto os blocos de gesso
também são populares e são usados para construir divisórias internas na construção
residencial (MANCINO, 2009).
Os Emirados Árabes Unidos também fabricam os blocos de gesso e já possuem pelo
menos duas empresas que produzem os blocos. A fábrica de blocos de gesso, criada em
1978 em Abu Dhabi, fabrica 100.000 m² / dia (MANCINO, 2009).
O uso de gesso chegou à Espanha através dos árabes, deixando evidente na arte
muçulmana e moura, especialmente em Aragão, Toledo e Sevilha.
Portanto, pode-se dizer que o gesso está entre os materiais de construção mais antigos.
A sua utilização só começou a generalizar-se na Europa a partir do século XVIII. A
história do bloco de gesso não é tão antiga quanto à do gesso, mas pode-se dizer que, na
Espanha, tem mais de 25 anos (ATEDY, 2009).
Em relação às normas estrangeiras em vigor, na Espanha existem as normas UNE,
elaboradas pela Comissão Técnica de Normalização AEN/CTN-102: Gesso e produtos à
base de gesso, que é um Comitê da AENOR, único organismo de normalização
espanhol (ATEDY, 2009).
Segundo a ATEDY (2009), na Europa existem vários comitês técnicos do CEN (Comitê
Europeu de Normalização) envolvidos nas normas de produtos europeus:
Especificações e métodos de ensaio (EN Standards). Os produtos de gesso são
padronizados pela Comissão CEN/TC 241, que funciona através da AENOR na
Espanha e da Comissão AEN/CTN-102. Algumas normas européias têm sido
desenvolvidas e transpostas para o direito espanhol. Nestes casos, o nome destas normas
começa por UNE-EN.
Ainda de acordo com a ATEDY (2009), o Ministério do Desenvolvimento, no âmbito
das suas competências, criou os Padrões de Tecnologia da Construção (NTE), que
43
inclui, entre outros, as determinações sobre a qualidade dos parâmetros de projeto,
construção, controle, avaliação e manutenção das unidades de trabalho envolvidas nos
produtos derivados do gesso, tais como os relativos às vedações interiores e forros.
As normas para vedações internas com blocos de gesso, em vigor na Europa são:
UNE EN 12859:2008 - Gypsum blocks - Definitions, requirements and test
methods;
UNE EN 12860:2001 - Gypsum based adhesives for gypsum blocks -
Definitions, requirements and test methods;
UNE EN 15318:2007 - Design and application of gypsum blocks;
UNE EN 13279 - 1: 2008 - Gypsum binders and gypsum plasters.
Além disso, existe uma Norma Francesa para execução de vedações em blocos de
gesso, denominada de NF P72-202:1994 - DTU 25.31 "Ouvrages verticaux de plâtrerie
ne nécessitant pas l'application d'un enduit au plâtre - Exécution des cloisons en
carreaux de plâtre", composta por 3 partes.
Na Espanha as marcas de qualidade reconhecidas, no momento, para estes produtos são
(ATEDY, 2009):
Selo INCE, garante a qualidade do gesso e seus derivados e já são vinculados à
AENOR;
AENOR, a gestão está confiada à Comissão Técnica de Certificação AEN /
CTC-035 "gessos de construção seus pré-fabricados e produtos relacionados‖,
cuja secretaria é mantida pela ATEDY.
2.6 Utilização da vedação vertical com blocos no mercado brasileiro
As vedações verticais internas com materiais a base de gesso, tanto as construídas com
blocos de gesso quanto as com divisórias acartonadas, surgiram no Brasil como uma das
soluções construtivas racionalizadas, baseada no planejamento integrado e na execução
dirigida para o controle da qualidade da obra (ROCHA, 2007).
Segundo Pires Sobrinho (2009), a vedação vertical interna com blocos de gesso não
deve ser considerada inovação tecnológica no Brasil, já que há registros de casos em
44
edifícios multipavimentos (acima de 12 pavimentos) com mais de 10 anos em Jaboatão
do Guararapes-PE. Porém, estes serviços eram realizados com a ausência de projeto
para produção.
Apesar da utilização há mais de 10 anos, a execução da vedação vertical com blocos de
gesso está limitada aos estados da Região Nordeste, mais especificamente nos Estados
de Pernambuco, Ceará e Sergipe.
Essa limitação deve-se ao fato de que a maior parte das jazidas de gipsita estar
localizada na Região Nordeste do Brasil. A malha rodoviária utilizada no escoamento
da produção do gesso, com destino aos grandes centros, tais como; sul e sudeste, devido
ao alto preço do frente, inviabililiza o seu transporte (ROCHA, 2007).
Além disso, um dos grandes entraves à disseminação do uso dos blocos de gesso nas
outras regiões do país pode ser identificado pela escassez de trabalhos técnicocientíficos sobre o tema e a inexistência de normas técnicas sobre blocos de gesso,
tornando sua aplicação pouco confiável, já que não se tem parâmetros para seu controle
de qualidade (MOURA, 2009).
De acordo com Brasil Gypsum (2009), no Estado de Pernambuco, a cidade do Recife
iniciou a execução através de uma construtora local no ano de 2001, em prédios
comerciais. Atualmente, construtora já executa esse tipo de serviço em edifícios
residenciais, inclusive já houve a entrega de um empreendimento com 23 pavimentos.
No Estado do Ceará, a execução do serviço com blocos de gesso começou a ser
executada a partir do ano 2000, em empreendimentos de médio e alto padrão (BRASIL
GYPSUM, 2009).
Já no Estado de Sergipe foi iniciado o primeiro empreendimento com o sistema
construtivo da vedação vertical interna com blocos de gesso no ano de 2007
(NORCON, 2009).
45
Vale ressaltar que no Brasil não existe normatização relacionada aos componentes e à
técnica de execução da vedação vertical com blocos de gesso. Atualmente, encontramse em fase de consulta pública os projetos de normas, apresentados a seguir:
Projeto de Norma 02:013-40-009 ABNT - Bloco de gesso utilizado na vedação
interna de edificações - Método de ensaio;
Projeto de Norma 02:013-40-010 ABNT - Bloco de gesso utilizado na vedação
interna de edificações – Especificação;
Projeto de Norma 02:013-40-011 ABNT - Cola de gesso utilizada na união de
elementos pré fabricados em gesso - Método de ensaio;
Projeto de Norma 02:013-40-012 ABNT - Cola de gesso utilizada na união de
elementos pré fabricados em gesso – Especificação;
Projeto de Norma 02:013-40-014 ABNT - Execução de alvenaria de vedação em
bloco de gesso- Procedimento.
É necessário um maior conhecimento por parte dos profissionais da construção civil em
relação ao tema, para que sejam realizadas pesquisas e desenvolvidas as normas
brasileiras da vedação vertical interna com blocos de gesso.
Através de pesquisas a esses projetos de normas, normas estrangeiras e bibliografias
nacionais e internacionais, serão apresentados a partir deste momento, no capítulo 3, os
materiais, componentes, equipamentos e ferramentas utilizados na vedação vertical
interna com blocos de gesso.
46
3 MATERIAIS, COMPONENTES, EQUIPAMENTOS E
FERRAMENTAS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO DA VEDAÇÃO
VERTICAL INTERNA COM BLOCOS DE GESSO
Este capítulo trata dos materiais e componentes necessários para a execução das
vedações verticais com blocos de gesso, bem como dos equipamentos e ferramentas a
serem utilizados no serviço, apresentando suas características para que sejam
especificados corretamente.
Para tanto, buscou-se pesquisar na bibliografia pertinente os materiais, os componentes,
as ferramentas e os equipamentos disponíveis no Brasil, como também em outros
países.
3.1 Materiais e componentes
Para a execução da vedação vertical interna com blocos de gesso, os materiais básicos a
serem utilizados são os blocos e a cola de gesso. Tanto no Brasil, quanto no exterior,
existem vários tipos de blocos, os quais possuem características diferenciadas,
específicas para cada finalidade de aplicação.
Além dos materiais citados, existem também alguns componentes utilizados para a
execução dos detalhes construtivos, tais como:
Componentes para a ligação com o piso;
Componentes para a fixação das grades de porta;
Componentes para a fixação vertical;
Componentes para a fixação superior;
Componentes para o acabamento e proteção;
Componentes para a fixação de cargas leves, médias e pesadas.
A seguir, serão apresentados os materiais e os componente necessários para a execução
da vedação vertical com blocos de gesso.
3.1.1 Blocos de gesso
A norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008) define os blocos de gesso como
elementos pré-moldados de construção produzidos a partir de sulfato de cálcio e água,
47
aos quais podem ser adicionados fibras, agregados e outros aditivos, de acordo com a
normalização existente, desde que não sejam classificados como substâncias perigosas.
De acordo com o manual espanhol da ATEDY (2008), os blocos de gesso utilizados
para vedação possuem uma espessura igual ou superior a cinco centímetros, com
superfícies lisas e destinados a execução de vedações verticais internas em edifícios.
Nolhier (1986) afirma que os blocos de gesso são fabricados com uma precisão
dimensional suficiente para não ser necessário a execução da camada de emboço. O
mesmo autor também complementa que os blocos devem ser executados com juntas de
assentamento com espessura milimétrica.
Segundo o SINDUSGESSO (2009) Os componentes têm forma de paralelepípedo e
permitem um encaixe entre si, devido às reentrâncias e aos sulcos em pelo menos dois
de seus lados, visando facilitar o encaixe dos blocos, conforme apresentado na Figura 4.
Figura 4 – Detalhe do encaixe macho/fêmea de blocos vazados (PERES; BENACHOUR;
SANTOS, 2001)
Os blocos de gesso podem ser maciços ou perfurados internamente. A ATEDY (2009)
afirma que quando os blocos são perfurados, o volume de vazios não deve ser superior a
40% do volume total do bloco e a espessura das paredes que fica entre os furos deve ser
maior que 10 mm.
48
Entretanto, a norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008) estabelece uma espessura
maior que 15 mm para as paredes internas entre os alvéolos e as paredes entre os
alvéolos e a face do bloco, conforme ilustrado na Figura 5.
É necessário levar em consideração o fato de que quanto maior for a espessura entre os
alvéolos e entre os alvéolos e a face do bloco, maior será a resistência da vedação
vertical. De qualquer forma, devem-se dimensionar essas espessuras de acordo com a
resistência do bloco de gesso.
Figura 5 – Espessura mínima entre os alvéolos internos e entre os alvéolos e a face do bloco,
segundo a NF EN 12859 (AFNOR, 2008)
O bloco de gesso perfurado é utilizado quando se deseja diminuir o peso das paredes,
reduzindo-se a sobrecarga das estruturas (COSTA; INOJOSA, 2007). Além disso, o
bloco perfurado melhora o isolamento térmico e acústico das paredes; já os blocos
maciços possibilitam construção de paredes de maior altura (SINDUSGESSO, 2009).
Na Europa são encontrados blocos alveolares em duas espessuras diferentes, de 70 e
100 mm, conforme ilustra a Figura 6.
49
Figura 6 – Dimensões dos blocos alveolares (ISOLAVA, 2009)
De acordo com o fornecedor ISOLAVA (2009), os blocos alveolares proporcionam um
ganho de 27% no peso, em relação aos blocos maciços, permitindo a execução de
vedações sobre estruturas que não suportam cargas pesadas como, por exemplo, sobre
pisos antigos. A Figura 7 ilustra exemplos de blocos alveolares fabricados na Europa.
Figura 7 – Bloco de gesso tipo alveolar (ISOLAVA, 2009)
A Tabela 10 apresenta as características dos blocos alveolares assim como da parede
executada com esses blocos, na Europa, de acordo com ISOLAVA (2009).
50
Tabela 10 – Características do bloco alveolar e da parede construída com esse bloco, na Europa
Características do bloco 70 mm 100 mm
Dimensões 501 x 666 mm 501 x 666 mm
Densidade ± 950 kg/m³ ± 950 kg/m³
Peso ± 19 kgf ± 24 kgf
Dureza superficial > 55 (u.s.c.) > 55 (u.s.c.)
Resistência mínima à
compressão 5 N/mm² 5 N/mm²
Características da vedação
Peso ± 59 kg/m² ± 71 kg/m²
Resistência ao fogo 2h* 3h*
Isolação sonora 32 dB 34 dB
* Estimado
Alguns blocos de gesso foram desenvolvidos para cumprirem uma função específica,
como por exemplo os blocos acústicos, os blocos curvos e o sistema construtivo
modular racionalizado, que serão apresentados a seguir.
Na Europa, o fornecedor ISOLAVA, desenvolveu blocos acústicos, os quais permitem
limitar a influência relativa das transmissões sonoras. Não foi observado a fabricação
desse tipo de bloco no Brasil.
O bloco acústico, ilustrado na Figura 8, é capaz proporcionar uma isolação acústica de
até 60 dB segundo a norma alemã DIN 52210, é constituído por um bloco de 1 cm de
espessura e outro com 7 cm, separados por um vazio de 1cm e uma espuma absorvente
de 4 cm (ISOLAVA, 2009).
Figura 8 – Bloco acústico (ISOLAVA, 2009)
51
Além dos blocos acústicos, existem também os blocos curvos (Figura 9), facilitando a
execução de ambientes com curvatura.
Figura 9 – Dimensões dos blocos curvos (ISOLAVA, 2009)
No Brasil, Rodrigues (2008) desenvolveu uma proposta de sistema construtivo modular
racionalizado através de blocos de gesso, composto por três tipos de blocos de encaixe,
inclusive um bloco de canto (Figura 10). A peça principal possui características de um
painel, com 90 centímetros de altura, permitindo que com apenas três fiadas assentadas
seja alcançada a altura piso-teto equivalente a 2,90 metros, tornando possível prolongar
o beiral para abrigar as paredes da chuva.
Figura 10 – Bloco de canto (RODRIGUES, 2008)
As dimensões dos blocos são múltiplos de 10 centímetros, unidade básica da
coordenação modular no Brasil. Os blocos possuem uma superfície, com linhas
horizontais eqüidistantes 10 cm e uma linha vertical central, e outra superfície lisa. As
linhas facilitam o corte dos blocos, racionalizando o serviço (RODRIGUES, 2008).
52
3.1.1.1 Características dos blocos de gesso
De acordo com a norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008), são exigidas algumas
características e especificações necessárias para os blocos de gesso, tais como:
dimensão, densidade, massa, resistência à flexão, teor de umidade, ph, capacidade de
absorção d’água, dureza e planicidade.
Na sequência, serão apresentadas as características dos blocos de gesso, exigidas no
mercado europeu, em forma de tabelas para uma melhor visualização.
A norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008), classifica os blocos de gesso em
relação a capacidade de absorção d’água em H1, H2 e H3, que são diferenciados através
das cores verde, azul e branco, respectivamente, conforme a Tabela 11.
Tabela 11 – Classificação dos blocos de gesso (NF EN 12859 - AFNOR, 2008)
Cor Absorção d'água Classificação
Branco sem exigência H3
Azul ≤ 5% H2
Verde ≤ 2,5 % H1
Através da Tabela 11, observa-se que o bloco H1, de cor verde, possui uma menor
capacidade de absorção d’água, podendo ser utilizado em ambientes úmidos. Já o bloco
H3, de cor branca, não possui nenhuma exigência quanto à capacidade em absorver
água, devendo-se evitar sua utilização em ambientes que possam ter a presença de água
com contato direto no bloco.
A Tabela 12 ilustra as características de dimensão, densidade e massa dos blocos de
gesso na Europa.
53
Tabela 12 – Dimensão, densidade e massa dos blocos de gesso, segundo a NF EN 12859
(AFNOR, 2008)
Dimensão Densidade Massa
espessura *
50 mm ≤ e ≤ 150 mm
alta densidade
1100 ≤ d <1500 kg / m³
Desvio do valor
médio encontrado
< 5 %
Desvio máx
entre a média
de 6 blocos
comprimento < 5 %
≤ 1000 mm
média densidade
800 ≤ d ≤ 1100 kg/ m³
altura área ≥ 0,2 m²
baixa densidade
600 ≤ d <800 kg/ m³
* Para paredes duplas admitem-se espessuras menores que 50 mm
De acordo com a Tabela 12, a espessura dos blocos de gesso na Europa varia de 50 a
150 mm, admitindo-se espessuras menores que 50 mm para paredes duplas. O
comprimento deve ser menor que 1000 mm e a altura deve ser tal que a área da face do
bloco seja de pelo menos de 0,2 m². A norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008)
recomenda a fabricação de blocos com espessuras de 50, 60, 70, 80 ou 100 mm,
comprimento de 666 mm e altura de 500 mm.
Em relação à densidade, considera-se a densidade bruta seca do gesso endurecido da
parte sólida do bloco, que é a densidade média bruta do número especificado de
amostras. A densidade média bruta seca dentro de cada classe estabelecida, conforme a
Tabela 12, não deve desviar mais de 5% do valor médio encontrado.
A Tabela 13 apresenta a carga mínima de ruptura da resistência à flexão dos blocos de
gesso, a qual deve ser adequada para sua utilização.
Tabela 13 – Carga mínima de ruptura da resistência à flexão dos blocos de gesso, segundo a NF
EN 12859 (AFNOR, 2008)
Blocos de gesso igual ou superior a 650
milímetros, com uma altura de 500 mm * Carga mínima de ruptura média kN
Blocos maciços (densidade média)
Espessura em mm
50 1,7
60 1,9
70 2,3
80 2,7
100 4,0
Blocos vazados (densidade baixa) 1,7
* Para blocos de gesso inferior à 650 mm e/ou com diferentes alturas de 500 mm, os valores
na segunda coluna devem ser alterados em razão dos vãos e/ou alturas
54
A norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008) salienta que nenhum valor individual da
carga mínima da ruptura deve ser inferior a 10% da carga média.
A Tabela 14 apresenta as características do teor de umidade, ph, capacidade de absorção
d’água, dureza superficial e planicidade dos blocos de gesso estabelecidas na Europa.
Tabela 14 – Teor de umidade, ph, capacidade de absorção d’água, dureza superficial e
planicidade dos blocos de gesso, segundo a NF EN 12859 (AFNOR, 2008)
Teor de umidade Ph capacidade de
absorção d'agua
dureza superficial planicidade
Média do teor de
umidade < 6 %
bloco
com ph
padrão
6,5 ≤ pH ≤ 10,5 bloco H1 > 5 % bloco H1 > 40 (u.s.c.)
< 1 mm Valor individual
do teor de
umidade
< 8 %
bloco
com ph
baixo
4,5 ≤ pH ≤ 6,5
bloco H2 ≤ 5 % bloco H2 > 55 (u.s.c.)
bloco H3 ≤ 2,5 % bloco H3 > 80 (u.s.c.)
De acordo com a Tabela 14, o teor médio de umidade, o qual deve ser medido no início
do projeto, não deve exceder 6%, com nenhum valor individual superior a 8%. Além
disso, o ph da superfície de cada bloco de gesso não deve ultrapassar os limites fixados
na Tabela 14.
Em relação à dureza da superfície dos blocos de gesso, o bloco H1 deve ser maior que
40 u.s.c., o bloco H2 deve ser maior que 55 u.s.c. e o bloco H3 maior que 80 u.s.c. O
desvio máximo admissível (planicidade) nas três categorias exigidas na Tabela 14, deve
ser inferior a 1 mm.
No Brasil ainda não existe uma norma para os blocos de gesso. Está em andamento um
projeto de norma da ABNT 02:103.40-010 (2005), denominada de ―Bloco de gesso
utilizados na vedação vertical interna de edificações – especificação‖, que estabelece
as mesmas características da norma francesa, com exceção do teor de umidade, ph e
planicidade.
No Brasil são encontrados apenas blocos com comprimento e altura de 666 x 500 mm,
com espessuras de 70, 76 e 100 mm, podendo ser maciços ou vazados, sendo que os de
100 mm são produzidos somente na versão maciça (COSTA; INOJOSA, 2007).
55
A Tabela 15 apresenta as exigências físicas e mecânicas estabelecidas para os blocos de
gesso pelo projeto de norma brasileiro para os blocos vazado e maciço, com espessuras
de 70, 76 e 100 mm.
Tabela 15 – Características dos blocos de gesso (ABNT PN.02:013-40-010)
Características Unidade 70 maciço 70 vazado 76 vazado 100 compacto
Tipo de encaixe - Paralelo Parelelo Trapezoidal Paralelo
Espessura mm 70,0 ± 0,5 70,0 ± 0,5 76,0 ± 0,5 100,0 ± 0,5
Altura mm 500,0 ± 0,5 500,0 ± 0,5 500,0 ± 0,5 500,0 ± 0,5
Comprimento mm 666,0 ± 0,5 666,0 ± 0,5 666,0 ± 0,5 666,0 ± 0,5
Dureza u.s.c ≥ 55,0 ≥ 55,0 ≥ 55,0 ≥ 55,0
Resistência à flexão MPa ≥ 1,2 ≥ 1,2 ≥ 1,2 ≥ 1,2
Massa do bloco kg 22,0 ± 1,0 17,1 ± 1,0 18,0 ± 1,0 32,0 ± 1,0
Massa específica kg/cm³ ≥ 1140,0 ≥ 900,0 ≥ 600,0 ≥ 1140,0
Capacidade de absorção
d'água (simples) S % ≤ 50,0 ≤ 50,0 ≤ 50,0 ≤ 50,0
Capacidade de absorção
d'água (hidrofugado) H % ≤ 5,0 ≤ 5,0 ≤ 5,0 ≤ 5,0
3.1.1.2 Classificação dos blocos de gesso quanto a sua utilização
Existem 04 tipos de blocos de gesso, comercializados no Brasil de acordo com sua
utilização, os blocos S ou standard, os blocos hidro ou hidrofugado, os blocos GRG ou
reforçado com fibras de vidro e os blocos GRG-hidro ou reforçado com fibras de vidro
e hidrofugado.
Pires Sobrinho (2007) discerne a utilização de cada um da seguinte forma:
blocos de gesso S ou standard - devem ser utilizados preferencialmente na
construção de paredes divisórias internas de áreas secas;
blocos de gesso HIDRO ou hidrofugado - devem ser utilizados
preferencialmente na construção de paredes divisórias externas e internas de
áreas secas e molháveis;
blocos de gesso GRG ou reforçado com fibras de vidro - devem ser utilizados
preferencialmente na construção de áreas de paredes internas, de áreas secas,
que necessitem de resistência ao arrancamento e à flexão maior;
blocos de gesso GRG-HIDRO ou reforçado com fibras de vidro e
hidrofugado - devem ser utilizados preferencialmente na construção de áreas de
56
paredes externas ou internas, de áreas molháveis, que necessitem de resistência
ao arrancamento e à flexão maior.
Cada tipo de bloco é fabricado com uma coloração variada que, segundo Costa e
Inojosa (2007), serve para facilitar a identificação no projeto, armazenagem e execução.
De acordo com Costa e Inojosa (2007), no Brasil os blocos tipo standard, hidrofugado
GRG e GRGH também são fabricados na versão perfurada (bloco alveolar) nas mesmas
dimensões dos blocos maciços, com comprimento de 666 mm e altura de 500 mm,
entretanto apenas na espessura de 70 mm.
A Tabela 16 apresenta as características dos blocos alveolares para os quatro tipos de
blocos apresentados de acordo com o projeto de norma brasileiro ABNT PN.02:013-40-
010.
Tabela 16 – Características dos blocos alveolares (ABNT PN.02:013-40-010)
CARACTERÍSTICAS STANDARD HIDRO GRG GRGH
Espessura(mm) 70 mm 70 mm 70 mm 70 mm
Tipo Vazado Vazado Vazado Vazado
Dimensões (mm) 666x500 666x500 666x500 666x500
Peso médio kg 18 18 18 18
Peso médio kg/m² 54 54 54 54
Dureza-solidez superficial
(u.s.c.) ≥ 55 ≥ 55 ≥ 55 ≥ 55
Resistência ao fogo 2h 2h 2h 2h
Índice de redução acústica dB
(A) 32 32 32 32
Resistência térmica m² °C/W 0,23 0,23 0,23 0,23
Acréscimo de peso após 2h de
imersão >50% <5% >50% <5%
Resistência à flexão (MPa) 2,0 - 3,0 2,0 - 3,0 3,0 - 4,0 3,0 - 4,0
Resistência à compressão
(MPa) 4,5 - 5,5 4,5 - 5,5 4,5 - 5,5 4,5 - 5,5
A seguir serão apresentados os tipos de blocos existentes, fabricados tanto no Brasil
quanto no exterior.
3.1.1.2.1 Blocos standard
O bloco standard é considerado o bloco padrão (Figura11). Ele é diferenciado dos
demais pela sua cor branca e seu uso é especialmente recomendado para execução de
57
vedações interiores de prédios públicos e privados, tais como escritórios, hospitais,
escolas, hotéis, ministérios, habitação, etc., tanto em construções novas ou reformas
(ATEDY, 2009).
Figura 11 – Bloco de gesso tipo standard (ISOLAVA, 2009)
No Brasil, de acordo com Costa e Inojosa (2007), os blocos tipo standard existem em 02
espessuras diferentes, 70 e 100 mm, e são utilizados em paredes internas que dividem
cômodos de um mesmo apartamento ou paredes que dividem apartamentos diferentes.
A Tabela 17 apresenta as características do bloco standard de acordo com o Projeto de
norma brasileiro ABNT PN.02:013-40-010.
Tabela 17 – Característica do bloco tipo standard (ABNT PN.02:013-40-010)
CARACTERÍSTICAS STANDARD
Espessura (mm) 70 100
Tipo Maciço Maciço
Dimensões (cm) 66x50 66x50
Peso médio kg 24 34
Peso médio kg/m² 72 102
Dureza-solidez superficial (u.s.c.) ≥ 55 ≥ 55
Resistência ao fogo 3h 4h
Índice de redução acústica dB (A) 34 38
Resistência térmica m² °C/W 0,2 0,29
Acréscimo de peso após 2h de imersão >50% >50%
Resistência à flexão (MPa) 2,0 - 3,0
Resistência à compressão (MPa) 4,5 - 5,5
Na Europa, França e Alemanha, é possível encontrar blocos do tipo standard com cinco
espessuras diferentes, através do fornecedor Isolava (Tabela 18), sendo a espessura de
58
60mm fabricada apenas por encomenda. Este fornecedor disponibiliza em seu catálogo
a quantidade e a área dos blocos por palete, facilitando o planejamento do gestor da
obra.
Tabela 18 – Bloco de gesso standard, encontrados na França e Alemanha (ISOLAVA, 2009)
Largura Comprimento Espessura kg/m² Blocos por palete m² por palete
500 mm 666 mm 50 mm 47 56 18,66
500 mm 666 mm 60 mm 56 48 16,00
500 mm 666 mm 70 mm 64 40 13,33
500 mm 666 mm 80 mm 74 36 12,00
500 mm 666 mm 100 mm 92 28 9,33
3.1.1.2.2 Blocos hidrofugados
Os blocos hidrofugados ou hidrófugos são identificados pela cor azul. Segundo Costa e
Inojosa (2007), no Brasil os blocos hidrófugos possuem a espessura de 70 e 100 mm,
com comprimento de 666 mm e altura de 500 mm. A Tabela 19 ilustra as características
do bloco hidrofugado, de acordo com o Projeto de norma brasileiro ABNT PN.02:013-
40-010.
De acordo com Moura (2009), os blocos do tipo hidrofugado, são blocos de gesso
especiais, com aditivos hidrofugantes, que devem ser utilizados para a construção de
paredes internas em áreas molhadas, como cozinhas, lavabos, áreas de serviço,
banheiros, copas e na execução das primeiras fiadas de paredes construídas em áreas
normais, mas sujeitas a lavagens periódicas, como ante-salas de consultórios, áreas
comuns de condomínios, corredores, etc.
59
Tabela 19 – Característica do bloco tipo hidro (ABNT PN.02:013-40-010)
CARACTERÍSTICAS HIDRO
Espessura (mm) 70 100
Tipo Maciço Maciço
Dimensões (mm) 66x50 66x50
Peso médio kg 24 34
Peso médio kg/m² 72 102
Dureza-solidez superficial (u.s.c.) ≥ 55 ≥ 55
Resistência ao fogo 3h 4h
Índice de redução acústica dB (A) 34 38
Resistência térmica m² °C/W 0,2 0,29
Acréscimo de peso após 2h de imersão <5% <5%
Resistência à flexão (MPa) 2,0 - 3,0
Resistência à compressão (MPa) 4,5 - 5,5
A Figura 12 ilustra, na cor azul, onde devem ser posicionados os blocos de gesso
hidrofugados em uma vedação vertical interna, em toda a primeira fiada, mesmo nas
áreas secas, para evitar ascensão da água por capilaridade, e em todas as paredes das
possíveis áreas molháveis (cozinha, banheiro, lavabo etc.).
Figura 12 – Posicionamento dos blocos de gesso hidrofugados (ISOLAVA,2009)
De acordo com o projeto de norma brasileiro, ABNT PN.02:013-40-010, os blocos
hidrófugados devem possuir uma absorção d’água menor que 5%, após 2h de imersão
na água. Entretanto, a norma francesa NF EN 12859 (AFNOR, 2008) estabelece para os
blocos hidrófugos uma absorção inferior a 2,5%.
60
3.1.1.2.3 Blocos GRG
Os blocos de gesso, conhecidos pela sigla GRG (Glass Reinforced Gypsum) são
aditivados com fibras de vidro. No Brasil, esses blocos são representados na cor verde e
devem ser utilizados em áreas que serão submetidas a esforços de cargas e impactos
generalizados ou em áreas que ocorram grandes aglomerações de pessoas. (COSTA;
INOJOSA, 2007).
Esses blocos, com alta dureza e densidade, melhoram a resistência da vedação e
isolamento acústico do ambiente. Portanto, a ATEDY (2009) recomenda sua utilização
em edifícios que solicitem uma dureza maior do que o habitual das vedações, uma vez
que eles são mais resistentes à abrasão. Sua utilização deve abranger hospitais, lojas,
escolas, universidades, academias e até mesmo garagens.
A Atual (2009) também recomenda a utilização em paredes submetidas à esforços de
cargas suspensas e impactos generalizados, e ressalta a preferência na utilização do
bloco maciço, o qual oferece maior capacidade de suportar grandes cargas.
A Tabela 20 ilustra as características dos blocos GRG de acordo com o Projeto de
norma brasileiro ABNT PN.02:013-40-010.
Tabela 20 – Característica do bloco tipo GRG (ABNT PN.02:013-40-010)
CARACTERÍSTICAS GRG
Espessura (mm) 70 100
Tipo Maciço Maciço
Dimensões (mm) 666x500 666x500
Peso médio kg 24 34
Peso médio kg/m² 72 102
Dureza-solidez superficial (u.s.c.) ≥ 55 ≥ 55
Resistência ao fogo 3h 4h
Índice de redução acústica dB (A) 34 38
Resistência térmica m² °C/W 0,2 0,29
Acréscimo de peso após 2h de imersão >50% >50%
Resistência à flexão (MPa) 3,0 - 4,0
Resistência à compressão (MPa) 4,5 - 5,5
61
3.1.1.2.4 Blocos GRGH
Os blocos de gesso, conhecidos pela sigla GRGH (Glass Reinforced Gypsum hidro)
devem ser utilizados para construções de paredes em áreas que necessitem de um
desempenho especial, somado às características dos blocos reforçados com fibras de
vidro e as dos blocos hidrofugados (COSTA; INOJOSA, 2007).
No Brasil, os blocos GRGH são fabricados na cor rosa e em duas espessuras, 70 e 100
mm.
A Tabela 21 ilustra as características dos blocos GRGH de acordo com o Projeto de
norma brasileiro ABNT PN.02:013-40-010.
Tabela 21 – Característica do bloco tipo GRG-H (ABNT PN.02:013-40-010)
CARACTERÍSTICAS GRGH
Espessura (mm) 70 100
Tipo Maciço Maciço
Dimensões (mm) 666x500 666x500
Peso médio kg 24 34
Peso médio kg/m² 72 102
Dureza-solidez superficial (u.s.c.) ≥ 55 ≥ 55
Resistência ao fogo 3h 4h
Índice de redução acústica dB (A) 34 38
Resistência térmica m² °C/W 0,2 0,29
Acréscimo de peso após 2h de imersão <5% <5%
Resistência à flexão (MPa) 3,0 - 4,0
Resistência à compressão (MPa) 4,5 - 5,5
3.1.1.3 Recebimento e estocagem dos blocos de gesso
Em relação ao recebimento dos blocos de gesso, o projeto de norma brasileiro
02:103.40-010 (2005) estabelece que cada lote a ser entregue possua uma quantidade
máxima de seiscentos blocos, oriundos de um mesmo produtor, entregue na mesma data
e mantidas nas mesmas condições de armazenamento. Cada lote deve ser representado
por seis exemplares, retirados aleatoriamente do lote nos quais três amostras devem ser
enviadas ao laboratório para a realização de ensaios.
62
Peres, Benachour e Santos (2001) afirmam que a estocagem dos blocos deve ser
posicionada em lugar seco, sobre plataforma de madeira (Figura 13). As cores de cada
tipo de blocos visam auxiliar a identificação na armazenagem.
Figura 13 – Armazenamento dos blocos de gesso sob plataforma de madeira (ISOMUR, 2009)
De acordo com a norma francesa NF P72-202-1 (AFNOR, 1994), os blocos devem ser
estocados no canteiro em local livre de intempéries e de poeira. Os blocos fissurados ou
rachados não devem ser levados ao local de serviço, devendo ser substituídos pelo
fornecedor.
3.1.2 Cola de gesso
De acordo com a norma francesa NF EN 12860 (AFNOR, 2001), a cola de gesso é uma
mistura de sulfato de cálcio e aditivos em que o sulfato de cálcio é o principal
componente.
A cola é constituída essencialmente de gesso e pequenas quantidades de aditivos
retentores de água, reguladores de pega, agentes de consistência, etc., podendo conter
também cargas inertes (PERES, BENACHOUR, SANTOS; 2001).
Pires Sobrinho (2007) afirma que a cola de gesso é um produto em pó, fornecido no
Brasil em sacos de 20, 5 e 1 kg, desenvolvida para ser utilizada na montagem dos
sistemas de vedação horizontal (tetos e forros) e vertical (paredes) construídos com prémoldados de gesso.
63
Na vedação vertical com blocos de gesso, a cola é utilizada para colagem e acabamento
final da fixação superior da vedação (ISOLAVA, 2009).
Segundo a ATEDY (2008), deve ser preparada de acordo com as instruções do
fabricante, que estabelece a utilização de água limpa e uma mistura correta para evitar
formação de grumos e não influenciar no acabamento.
A preparação da cola de gesso consiste no polvilho da cola em pó na água respeitandose as dosagens estabelecidas pelo fornecedor. Costa e Inojosa (2007) afirmam que se
deve esperar 1 min. sem misturar, para que o pó reaja com a água. Entretanto, esse
tempo pode variar de 1 a 3 min, de acordo com cada fabricante. Após esse período a
mistura deve ser homogeneizada até se obter uma pasta perfeitamente uniforme
(COSTA; INOJOSA, 2007).
A cola de gesso possui um tempo de utilização que vai desde a mistura com a água até o
momento em que a cola não deve ser mais utilizada. A ATEDY (2008) afirma que esse
tempo pode variar de 75 a 200 minutos, de acordo com o fabricante.
Quando misturada na proporção adequada água/cola, 20kg (01 saco) de cola para 13
litros de água, apresenta uma consistência pastosa que permite a sua aplicação com
bisnagas, espátulas ou ferramentas similares (COSTA; INOJOSA, 2007).
A cola não deve ser utilizada em temperatura ambiente abaixo de 5º C e não é
aconselhável a utilização da mistura entre cola de gesso e gesso para execução das
juntas verticais e horizontais da vedação (ATEDY, 2008).
A norma francesa NF EN 12860 (AFNOR, 2001) estabele algumas características da
cola de gesso para ser utilizada na execução de vedações verticiais, tais como:
1. Dimensão máxima da partícula: as partículas da cola de gesso, retidas em uma
peneira 200 µm, não devem ultrapassar a 10%, em peso, quando determinadas.
Além disso, nenhuma partícula deve ser retida em uma peneira de 400 µm;
2. Trióxido de enxofre (SO3): o teor do pó de trióxido de enxofre (SO3), constituído
na cola de gesso, não deve ser inferior a 30%;
64
3. Tempo de pega inicial: o tempo de pega inicial da cola de gesso deve ser
determinada e superior a 45 minutos;
4. Resistência ao cisalhamento: a resistência ao cisalhamento da cola de gesso
deve ser tal que não ocorra falha nos blocos, em pelo menos três dos quatro
testes;
5. Ph: ph do bloco de gesso após a hidratação deve ser entre 6,5 e 10,5.
A Tabela 22 apresenta os dados técnicos relativos à cola de gesso, de acordo com o
Projeto de Norma brasileira ABNT PN 02:003-40-011 (Cola de gesso – método de
ensaio) e a ABNT PN 02:003-40-012 (Cola de gesso – especificações).
Tabela 22: Dados técnicos da cola de gesso (Fontes: ABNT PN 02:003-40-011, ABNT PN
02:003-40-012)
Variáveis Unidades Valores
Relação água/gesso 0,63 a 0,67
Espraiamento cm 10 a 12 (consistência pastosa)
Tempo para início de aplicação min 3
Tempo para fim de aplicação min 60
Absorção de água % 35 a 38
Resistência à flexão MPa 4,0 a 4,5
Resistência ao arrancamento MPa > 6,6
Na Europa existem três tipos de cola de gesso diferentes, sendo uma específica para
execução dos blocos hidrófugos, ―tipo 3‖, e os outros dois tipos, denominados ―tipo 1‖ e
―tipo 2‖ variam de acordo com o tempo de utilização, clima do local onde será utilizada
a cola e o tipo de acabamento.
A Tabela 23 apresenta as indicações para utilização dos tipos 1 e 2 de cola de gesso, em
relação ao tempo de utilização, clima, acabamento e preechimento.
Tabela 23 – Utilização da cola de gesso tipo 1 e 2 (ISOLAVA, 2009)
Tipo 1 Tipo 2
± 1 hora e 30 min Tempo de utilização ± 3 horas
* Utilização em climas quentes e secos ***
*** Utilização em climas frios e úmidos *
** Acabamento ***
* menos indicado ** adaptável *** ideal
65
A Tabela 24 apresenta o consumo da cola de gesso em kilos, estimado por m² de parede,
de acordo com o fornecedor ISOLAVA (2009).
Tabela 24 – Consumo da cola de gesso por m² de parede (ISOLAVA, 2009)
Espessura do bloco de gesso (cm) 5 6 7 8 10
Consumo da cola de gesso (kg) 1,1 1,2 1,6 1,8 2,0
Vale salientar que a cola específica para blocos hidrofugados, ―tipo 3‖, possui um
tempo de utilização de 1hora e 30 minutos (ISOLAVA, 2009).
Em relação ao armazenamento da cola de gesso, a ISOMUR (2009) afirma que o
produto deve ser armazenado sob plataforma de madeira, separado do piso, protegido
das intempéries e em local seco e ventilado (Figura 14).
Figura 14 – Armazenamento da cola de gesso sob plataforma de madeira (ISOMUR, 2009)
3.1.3 Componentes para ligação com o piso
A Atual (2009) recomenda para lajes muito irregulares, a execução de todo o contrapiso
ou só uma base na largura correspondente à espessura do bloco de gesso utilizado.
Para a ligação da vedação com o piso utiliza-se o perfil em ―U‖ de PVC (Figura 15),
comercializado no Brasil com 70 e 100 mm de espessura com duas alturas de alça, 25 e
84 mm (COSTA E INOJOSA, 2007).
66
Figura 15 – ―U‖ de PVC para ligação do bloco com o piso (ISOMUR, 2009)
Utilizam-se componentes de dilatação, que são fitas de poliestireno expandido com 20
mm de espessura e 60 mm de largura, que devem ser executadas em toda a extensão do
piso, lateral e parte superior da estrutura. A Figura 16 ilustra esse elemento de dilatação,
os quais devem possui uma densidade de 30 kg/m³ (alta densidade) para a execução no
piso (ISOMUR, 2007).
Figura 16 – Elementos de dilatação inferior, superior e lateral (ISOMUR, 2007)
3.1.4 Componentes para fixação de esquadrias
3.1.4.1 Componentes para fixação de esquadrias de madeira
De acordo com a ATEDY (2009), a união da esquadria de madeira com a vedação deve
ser realizada com três dispositivos de ancoragem, no mínimo, em cada lado. A Figura
17 ilustra dois tipos desses dispositivos.
―U‖ de PVC
67
Figura 17 – Dispositivos de ancoragem para instalação de esquadrias de madeira (ATEDY,
2009)
Para a fixação das esquadrias, mais especificamente as grades de portas, utilizam-se
lingüeta de aparafusar e lingueta de chumbagem, as quais servem para fixar os
dormentes de madeira das grades de portas com a vedação (Costa e Inojosa, 2007).
Caso a parede tenha sido concluída com os vãos das portas pré-determinados, as grades
de portas podem ser fixadas com parafusos e buchas para gesso nº10 ou com espuma de
poliuretano expandido. Entretanto, se as fiadas estiverem em fase de execução, as
grades de porta podem ser fixadas por intermédio de linguetas metálicas corrediça de
chumbagem. (ATUAL, 2009).
A Atual (2009) afirma que também pode ser utilizada manta fibrosa que funcionará
como banda resiliente com espessura de 4 mm. Esse componente deve possuir largura 2
cm menor que a espessura do bloco e deve ser instalado em todo o perímetro externo,
do lado da grade, com cola de neoprene, e do lado dos blocos, com cola de gesso.
Fig.
1
Bloco
Bloco Dispositivo de ancoragem Esquadria de madeira
Dispositivo de ancoragem Esquadria de madeira
68
3.1.4.2 Componentes para fixação de esquadrias metálicas
No caso de esquadrias metálicas, também deve ser inseridos dispositivos de ancoragem.
Em todas as fiadas, deve-se preencher o espaço entre o perfil e a parede com massa de
gesso, cola ou a mistura de ambos (ATEDY, 2009).
A fixação da grade de porta metálica deve ser realizada por lingüetas metálicas
corrediça de chumbagem, instalando-se três ou quatro em cada lado (Figura 18),
estando todas as partes metálicas em contato com o gesso protegidas contra a corrosão
(ATUAL, 2009).
Figura 18 – Dispositivos de ancoragem para instalação de esquadrias metálicas (ATEDY,
2009)
3.1.5 Componentes para fixação vertical
3.1.5.1 Componentes para fixação à estrutura de concreto
Para fixação da vedação vertical com a estrutura de concreto, utiliza-se uma junta
elástica de poliestireno expandido, as mesmas utilizadas para a fixação inferior, entre a
vedação e a estrutura fixada com cola, com densidade de 10 kg/m³ (densidade normal),
como ilustrado na Figura 19 (ATEDY, 2009).
Bloco Dispositivo de ancoragem
Esquadria
69
Figura 19 – Detalhe da fixação entre a vedação e a estrutura de concreto (ATEDY, 2009)
Além disso, para melhorar a fixação da vedação à estrutura, utilizam-se elementos de
ancoragem em toda a extensão do contato entre a vedação e a estrutura de concreto
(lateral e superior), através de um barrote de aço de diâmetro de 8 mm e comprimento
de 17 cm (ISOMUR, 2007).
Visando proteger os elementos de ancoragem, utilizam-se tubos de espuma de
polietileno expandido (Figura 20) com um diâmetro interior de 9 mm.
Figura 20 – Elementos de proteção da ancoragem (ISOMUR, 2007)
3.1.5.2 Componentes para fixação à alvenaria de tijolo/bloco
De acordo com a Atual (2009), nos casos em que a parede esteja rebocada, pintada ou
revestida, utiliza-se uma tela de poliéster ou nylon centralizada no encontro, realizando
o acabamento com massa de gesso ou massa PVA.
Bloco de gesso
Junta elástica
Cola de gesso
70
3.1.5.3 Componentes para fixação à divisória acartonada
Quando a parede esteja com a massa corrida ou pintada, utiliza-se uma tela de poliéster
ou nylon centralizada no encontro, realizando o acabamento com massa de gesso ou
massa PVA (ATUAL, 2009).
3.1.5.4 Componentes para fixação quando o extremo é livre
Quando o extremo da vedação é livre, utilizam-se dispositivos de ancoragem instalados
no extremo da parede, conforme a Figura 21, oferecendo à vedação a estabilidade
necessária (ATEDY, 2009).
Figura 21 – Dispositivos de ancoragem quando o extremo da parede é livre (ATEDY, 2009)
3.1.6 Componentes para fixação superior
De acordo com ISOLAVA (2009), a ligação parede-teto, é um elemento muito
importante durante a montagem da vedação. Para tanto, deve-se prever um produto
compressível a fim de que a parede não fique sob pressão.
Para fixar a vedação vertical à estrutura superior, são necessários os seguintes
componentes: primer, espuma de poliuretano, fita autocolante ou de papel para
tratamento das juntas, faixa para acabamento dos ângulos, cola de gesso e revestimento
para acabamento.
Bloco de gesso
Bloco de gesso Ancoragem
Ancoragem Dispositivo
Dispositivo
71
A aplicação do primer serve para melhorar a aderência da espuma de poliuretano sob o
bloco (ISOLAVA, 2009). No Brasil não foi encontrado esse tipo de produto, nem no
estudo de caso realizado, nem nas bibliografias pesquisadas.
A utilização da espuma de poliuretano na fixação superior é importante para absorver as
tensões advindas da estrutura, pois é um produto bastante compressível (Figura 22).
Figura 22 – Espuma de poliuretano para fixação superior (ISOLAVA, 2009)
A fita para tratamento das juntas pode ser autocolante ou de papel e possuem a largura
de 50 mm. Já a fita para acabamento dos ângulos, são telas de malha com dimensão
(1x1) mm em poliéster ou nylon com 150 mm de largura e objetivam evitar fissuração
(Costa e Inojosa, 2007). Ambas são observadas na Figura 23.
Figura 23 – Fita para tratamento das juntas e faixa para acabamento dos ângulos (ISOLAVA,
2009)
Fita para tratamento
das juntas
Faixa para acabamento
dos ângulos
72
A cola de gesso deve regularizar a superfície da fixação para posterior finalização
através do revestimento específico para acabamento.
A Tabela 25, apresenta o consumo necessária dos principais materiais para fixação
superior da vedação.
Tabela 25 – Tabela de consumo para fixação superior (ISOLAVA, 2009)
Produto Consumo por m²
Espuma 10 a 12 m³/bombeada
na Espessura do bloco
Fitas para junta 0,8
Cola 50 g/m²
Revestimento de acabamento 20 g/m²
3.1.7 Componentes para acabamento e proteção de ângulos e juntas
Para a realização do acabamento entre os blocos de gesso, utiliza-se a fita de papel
micro perfurado de 50 mm de largura (Figura 24), sobre a qual se aplicará a massa de
gesso (ISOMUR, 2007).
Figura 24 – Fita de papel microperfurado (ISOMUR, 2007)
Costa e Inojosa (2007) recomendam para a realização do acabamento utilizar tela com
malha de dimensão (1x1) mm em poliéster ou nylon, com 150 mm de largura, as quais
servem para acabamento dos ângulos reentrantes verticais, acabamento entre paredes de
diferentes materiais e da fixação superior
73
De acordo com a ISOMUR (2007), as cantoneiras para proteção dos cantos são
fabricadas em aço e são utilizadas para a proteção dos vértices expostos e de alto
tráfego. Existem dimensões de (25 x 25) mm ou (30 x 30) mm, com altura de 2,40 ou
3,00 metros (Figura 25).
Figura 25 – Cantoneira para proteção dos cantos (ISOMUR, 2007)
De acordo com Costa e Inojosa (2007), no Brasil as cantoneiras de ângulos salientes são
utilizadas em metal galvanizado PVC ou alumínio com dimensões de 25 mm x 25 mm x
2,5 m. Além das cantoneiras, também podem ser encontradas faixa armada em rolo que
garanta o mesmo desempenho.
3.1.8 Componentes para fixação de cargas leves, médias e pesadas
3.1.8.1 Componentes para fixação de objetos leves
De acordo com a ATEDY (2009), as cargas leves se caracterizam por possuírem uma
carga de até 15 kg.
Para esse tipo de carga, a ISOMUR (2007) recomenda a utilização de cavilhas de
plástico ou madeira de diâmetro igual ou superior a 8 mm. (Figura 26).
De acordo com a ATEDY (2009), utilizam-se três tipos de dispositivos para fixação de
objetos leves, com apenas 01 prego, com 02 pregos e com 03 pregos. O elemento com
01 prego, permite a suspensão de até 5kg, o com 02 pregos, permite a suspensão de até
10kg e o com 03 pregos, até 15 kg.
74
Figura 26 – Dispositivos para fixação de objetos leves (ATEDY, 2009)
Seguindo a linha da ATEDY (2009), a Atual (2009) apresentou outros tipos de
dispositivos para a fixação de objetos leves, por intermédio de três tipos de elementos
metálicos não corrosivos (aço inox, latão ou alumínio), conforme ilustra a Figura 27.
Figura 27 – Dispositivos para fixação dos objetos leves (ATUAL, 2009)
75
3.1.8.2 Componentes para fixação de objetos de peso médio
Os objetos de peso médio se caracterizam por ter um valor entre 15 e 30 kg (ATEDY,
2009).
Segundo a Atual (2009), a fixação dos objetos de peso médio, é realizada através da
fixação de dispositivos próprios para gesso nos blocos, conforme apresentado na Figura
28.
Figura 28 – Dispositivo para fixação dos objetos de peso médio (ATUAL, 2009)
A ATEDY (2009) afirma que são encontrados uma infinidade de dispositivos para
serem utilizados na fixação dos objetos de peso leve, como ilustrados na Figura 29.
76
(a)
(b)
Figura 29 – Dispositivos para fixação de objetos de peso médio: (a) e (b) (ATEDY, 2009)
77
3.1.8.3 Componentes para fixação de objetos pesados
Os objetos de peso pesado se caracterizam por possuir um peso maior que 30 kg
(ATEDY, 2009).
De acordo com a ATEDY (2009), para este tipo de fixação utilizam-se parafusos
rosqueados dos dois lados, com chapas metálicas, ou parafusos rosqueados a tacos de
madeira fixados com uma chapa metálica. A Figura 30 ilustra os dois tipos de fixação.
Figura 30 – Dispositivo para fixação dos objetos pesados (ATEDY, 2009)
A Atual (2009) também recomenda a fixação por meio de elementos metálicos (aço
inox, latão, alumínio ou aço protegido com pintura contra corrosão) com parafuso,
porca e uma contra-chapa, como ilustra a Figura 31.
Figura 31 – Dispositivo para fixação dos objetos pesados (ATUAL, 2009)
Bloco
Chapa
metálica
Cola
Parafuso
Taco de
madeira
Bloco
Chapa
metálica
78
A fixação também pode ser realizada por incorporação de uma cavilha de madeira no
bloco de gesso como mostra a Figura 32. O suporte metálico (aço inox, latão, alumínio
ou aço protegido com pintura contra corrosão) deve ser fixado por parafuso galvanizado
(ATUAL, 2009).
Figura 32 – Dispositivo para fixação dos objetos pesados (ATUAL, 2009)
A Tabela 26 resume os tipos de acessórios para a fixação das cargas leves, médias e
pesadas.
Tabela 26 – Acessórios para fixação de objetos leves, médios e pesados (COSTA; INOJOSA,
2007)
Tipo do objeto Limite de peso Tipo de acessórios utilizado Utilização
Objetos com
pesos leves ≤ 15 kg
Colchetes com 1 a 3
pregos em aço
1 prego: suspensão até 5 kg
2 pregos: suspensão até 10
kg
3 pregos: suspensão até 15
kg
Quadros, espelhos.
Objetos com
pesos médios >15 e ≤ 30 kg
Buchas clássicas ou em expansão
Buchas autofuradas Pias, pranchas.
Objetos com
pesos pesados > 30 kg
Placa de metal com parafuso/porca protegida por
pintura galvanizada
Cavilha de madeira com parafuso galvanizado
Armadores de redes,
armários , vasos
sanitários
79
3.2 Equipamentos e ferramentas utilizados
A seguir serão apresentados os equipamentos e ferramentas necessários para a execução
da vedação vertical interna com blocos de gesso, subdivididos de acordo com a função
de utilização em cada uma das etapas de execução, tais como:
locação da vedação;
preparação dos materiais;
corte dos componentes;
elevação das paredes;
fixação da vedação;
controle geométrico.
3.2.1 Equipamentos e ferramentas para locação
Para a locação da vedação vertical com blocos de gesso são necessário ferramentas
básicas como a trena, linha traçante e lápis carpinteiro.
A trena é utilizada para localizar a divisória no pavimento, a partir de algum ponto de
referência, como o eixo da obra. Quando se encontra o local onde deverá ser elevada a
vedação, utiliza-se o lápis para marcação e a linha traçante (Figura 33) para
materialização do local onde os blocos serão distribuídos (TANIGUTI, 1999).
Figura 33 – Linha traçante para locação da vedação (TANIGUTI, 1999)
80
3.2.2 Equipamentos e ferramentas para preparação dos materiais
A preparação da cola ou pasta de gesso deve ser realizada num recipiente limpo,
preferencialmente de borracha, de modo a evitar incrustações do produto quando
endurecido. A mistura deve ser realizada com uma espátula de 12 .
3.2.3 Equipamentos e ferramentas para o corte dos componentes
A realização do corte dos blocos de gesso é realizada através de um serrote, o qual deve
estar afiado o suficiente para garantir a qualidade e uma maior produtividade do serviço.
O serrote pode ser observado na Figura 34.
Figura 34 – Serrote para corte dos blocos de gesso (ISOMUR, 2007)
Para o corte dos blocos de forma rápida, limpa e com a medida desejada, pode ser
encontrado o equipamento chamado de guilhotina, observado na Figura 35 (ISOLAVA,
2009).
Figura 35 – Guilhotina para corte dos blocos de gesso (ISOLAVA, 2009)
81
Para instalação da tubulação elétrica, são realizadas ranhuras que podem ser executadas
com o auxílio de ferramenta manual, como ilustrado na Figura 36 (ISOLAVA, 2009).
Figura 36 – Ferramenta para a realização de ranhuras manuais dos blocos de gesso (ISOLAVA,
2009)
Entretanto, visando aumentar a produtividade do serviço, essas ranhuras podem ser
realizadas com o auxílio de máquina elétrica específica (Figura 37) que permite a
regulagem de profundidade da ranhura (ATUAL, 2009).
Figura 37 – Equipamento elétrico para realização de ranhura da vedação (ATUAL, 2009)
É importante ressaltar que não é realizado embutimento de instalações através dos
alvéolos dos blocos.
82
3.2.4 Equipamentos e ferramentas para elevação das paredes, fixação e acabamento
Para a elevação das paredes, utilizam-se: espátula, martelo de borracha e réguas
metálicas.
A espátula deve ser utilizada para inserir a cola de gesso nos blocos a serem assentados.
Já o martelo de borracha (Figura 38) deve posicionar o bloco no local correto
imediatamente após instalado. Entretanto, utiliza-se junto ao martelo um coxim de
madeira de maneira a evitar dano ao bloco de gesso, conforme ilustrado na Figura 39
(ISOLAVA, 2009).
Figura 38 – Martelo de borracha para
posicionar os blocos (GEDORE, 2010)
Figura 39 – Utilização do dispositivo de
madeira (ISOLAVA, 2009)
As réguas metálicas de aço possuem como finalidade manter o prumo da vedação, pois
os blocos deverão estar encostados sobre elas. A seção recomendada para essas réguas é
(40 x 40 x 2) cm e elas deverão estar apoiadas no pavimento e no teto (ISOMUR, 2007).
Para fixação superior algumas ferramentas deverão ser utilizadas, tais quais: escova
para limpeza, borrifador de água, espátula de aço, pincel e estilete (ISOLAVA, 2009).
A escova para limpeza (Figura 40) serve para retirar o pó incrustado dos blocos da
última fiada, para posterior pintura do primer através do pincel (Figura 41). Antes da
inserção da espuma de poliuretano recomenda-se a umidificação da superfície a ser
fixada através da aspersão de água por um borrifador.
83
Figura 40 – Escova para limpeza do bloco
(ISOMUR, 2007)
Figura 41 – Pincel para aplicação do primer
(ISOMUR, 2007)
O estilete deve ser utilizado após a aplicação da espuma de poliuretano para retirar o
excesso ultrapassado. E, por último, a espátula de aço de 2 ou 4‖ deve ser utilizada,
servindo como ferramenta para regularização, acabamento e finalização do serviço.
3.2.5 Equipamentos e ferramentas para controle geométrico
Para o controle geométrico são utilizados: trena, régua de alumínio, esquadro e prumo
de face. A trena, Figura 42, é utilizada no momento da locação da vedação e marcação
do traço e para conferência das medidas de acordo com o projeto.
Figura 42 – Trena para conferência das medidas (INOVAR, 2010)
As réguas tubulares de alumínio (Figura 43) devem ser utilizadas para a verificação do
alinhamento dos blocos, seja na vertical, horizontal ou diagonal. Elas também são
utilizadas para a realização do acabamento dos vãos (ISOMUR, 2007).
84
Figura 43 – Régua de alumínio para conferência do alinhamento (ROYAL, 2010)
De acordo com a ISOMUR (2007), as réguas recomendadas são as de alumínio, sendo
de dimensão da sessão transversal (40 x 80) mm para o serviço de conferência do
alinhamento e de (20 x 60) mm para o serviço de acabamento dos vãos.
Utilizam-se os esquadros para a verificação dos cantos da vedação vertical. A Figura 44
ilustra a foto deste equipamento de controle.
Figura 44 – Esquadro de alumínio para conferência dos cantos (INOVAR, 2010)
O prumo de face é utilizado para verificar se a vedação encontra-se com um
alinhamento vertical correto (Figura 45).
85
Figura 45 – Prumo de face para conferência do alinhamento vertical (TANIGUTI, 1999)
A seguir, com o propósito de confrontar as informações aqui coletadas nas bibliografias
pesquisadas com a realidade das empresas construtoras, apresenta-se no próximo
capítulo duas pesquisas de estudos de casos.
86
4 PESQUISA DE ESTUDOS DE CASO
Este capítulo apresenta uma pesquisa com dois estudos de caso realizadas na cidade do
Recife-PE e denominadas de estudos de casos 1 e 2, a partir das quais foi possível
identificar e analisar a tecnologia construtiva da vedação vertical com blocos de gesso,
desde o desenvolvimento do projeto para produção até a execução do serviço na obra.
A primeira pesquisa (Estudo de caso 1), realizada em uma empresa de projeto e uma
obra, visou verificar como vem sendo realizado a elaboração do projeto para produção
da vedação vertical com blocos de gesso, assim como seu conteúdo (plantas e
documentos) existente.
A segunda pesquisa (Estudo de caso 2), realizada em uma obra, buscou identificar os
materiais, ferramentas, equipamentos e principais técnicas de execução empregadas
neste serviço.
As pesquisas de estudos de caso foram realizadas através de entrevista com projetistas
análise de projetos, aplicação de questionários desenvolvidos; além de observação
visual na obra.
4.1 Metodologia da pesquisa de estudos de caso
A pesquisa de estudos de caso consistiu em uma pesquisa descritiva, cujo objeto inclui
pesquisa bibliográfica e de campo e abordagem qualitativa. Segundo Lakatos e Marconi
(2007), na pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados,
classificados e interpretados, sem a interferência do pesquisador. Foram utilizadas
técnicas padronizadas de coleta de dados a partir de questionário e observação
sistemática.
A pesquisa bibliográfica permitiu reunir o conhecimento científico acumulado e
atualizado sobre o escopo de projetos e serviços de vedações verticais internas com
blocos de gesso e a interação estrutura-alvenaria; enquanto, a pesquisa de campo
contemplou a observação dos fatos tal como ocorrem, permitindo estudar e comparar
com as relações estabelecidas pelas bibliografias de referência.
87
A metodologia de desenvolvimento deste estudo de caso pesquisa foi composta por 3
etapas, descritas a seguir.
A etapa 1 consistiu na identificação das empresas de projeto que desenvolvessem o
projeto para produção da vedação vertical com blocos de gesso e das obras que
executassem o serviço.
Para auxiliar a coleta de dados dos estudos de casos, foram desenvolvidos, na etapa 2,
questionários/check-list específicos, os quais podem ser vistos nos anexos A e B, para
serem aplicados tanto na empresa de projetos, quanto nas obras pesquisadas.
No anexo A é possível observar os questionários aplicados no estudo de caso 1, na
empresa de projetos e na obra, os quais solicitavam as seguintes informações:
identificação da empresa;
perfil dos empreendimentos e clientes;
fase de desenvolvimento do projeto;
softwares utilizados para o desenvolvimento do projeto;
tempo de desenvolvimento do projeto e sequência das etapas;
dificuldades no desenvolvimento do projeto;
quais as plantas e documentos existentes no projeto e
conteúdo das plantas existentes.
No estudo de caso 2, o questionário aplicado, anexo B, objetivou caracterizar a empresa
e a obra pesquisada. As etapas de execução foram registradas através de observações,
anotações no pavimento que estava sendo executado o serviço de vedação.
Na etapa 3, foi realizado o contato com os profissionais dessas empresas, solicitando a
visita para entrevista e aplicação do questionário (check-list).
O estudo de caso 1 objetivou verificar como vem sendo realizado a elaboração do
projeto para produção da vedação vertical com blocos de gesso, assim como seu
conteúdo (plantas e documentos) existente, na cidade de Recife-PE. Realizou-se uma
88
pesquisa de estudo de caso em uma empresa de projetos que desenvolvesse o projeto
para produção de vedação vertical com blocos de gesso e em uma obra que executasse o
serviço de vedação com blocos de gesso através de um projeto para produção.
Vale salientar a ausência de empresas de projeto que desenvolvem o projeto de vedação
vertical com blocos de gesso na Região, sendo a empresa pesquisada no estudo de caso
1 a única especializada neste serviço.
A realização do estudo de caso na empresa de projetos procurou identificar,
principalmente, a sequência das etapas necessárias ao desenvolvimento do projeto da
vedação com blocos de gesso, assim como o conteúdo existente no mesmo. Na obra,
foram analisados o conteúdo do projeto para produção da vedação.
O estudo de caso 2 visou verificar o estado da arte do serviço de vedação vertical com
blocos de gesso, identificando os materiais, as ferramentas e as principais técnicas de
execução empregadas neste serviço, realizou-se uma pesquisa de estudo de caso em
uma edificação da cidade do Recife/PE.
Na região metropolitana do Recife constataram-se, através de contatos com as
principais construtoras da cidade , 02 empresas construtoras que executam o serviço de
vedação com blocos de gesso em edificações multipavimentos. Entretanto, apenas 01
possuía o serviço em andamento, que pudesse ser observado.
Nos estudos de caso desta pesquisa, todas as empresas participantes autorizaram a
divulgação dos resultados com a condição de que o nome da empresa fosse ocultado.
4.2 Estudo de caso 1
4.2.1 Caracterização da empresa de projeto e da obra
4.2.1.1 Empresa de projeto
A empresa de projeto pesquisada consiste em uma empresa de pequeno porte, com
atuação no mercado desde 2007, que realiza atividades de consultoria e
89
desenvolvimento de projetos para produção de vedações com blocos de gesso.
Atualmente, a empresa está em fase de implantação da certificação de qualidade, possui
cinco projetos em andamento e dispõe de cinco projetistas para desenvolvimento dos
mesmos, dos quais um projetista com formação em engenharia civil foi entrevistado
para a aplicação do questionário e coleta de dados.
Em relação ao perfil dos empreendimentos que solicitam o projeto de vedações verticais
com blocos de gesso, 80% do total são edificações residenciais de múltiplos pavimentos
e apenas 20% residências térreas (casas), dos quais 33% são executados por
construtoras de grande porte e 67% construtoras de médio porte.
4.2.1.2 Obra
A empresa responsável pela construção da obra pesquisada, foi fundada em 1983 e está
presente nos principais mercados da região nordeste. Sua área de atuação é a construção
civil e seus principais empreendimentos são os residenciais.
Localizada no bairro de Boa Viagem, a empresa possui certificação NBR ISO
9001:2008, OHSAS 18001:2007 e NBR ISO 14001: 2004. Atualmente possui 15 obras
em andamento.
A empresa foi a pioneira na execução do serviço de vedação com blocos de gesso em
edificações multipavimentos na cidade do Recife/PE. Entretanto, a maioria das suas
obras são executadas com alvenaria de vedação com tijolos cerâmicos.
A obra pesquisada consiste em uma edificação residencial, localizada na cidade do
Recife, no bairro do Pina. A edificação possui 27 pavimentos tipo. Em cada pavimento
há 02 apartamentos com 159,15 m², constituindo uma área total de 12.221,87 m². A
Figura 46 ilustra o organograma da obra.
90
Figura 46 – Organograma da obra
A obra, que se encontrava em fase de acabamento, teve início no mês de março do ano
de 2007 e a previsão para entrega era no mês de janeiro do ano de 2011. Os principais
serviços que estavam em andamento consistiam na execução de revestimentos internos
(gesso e cerâmica) e externos (emboço e cerâmica). Além disso, a obra executava
serviços de instalações e construção do sistema de esgoto e água.
A presente obra executava alvenaria de vedação com tijolos cerâmicos na periferia e
vedação vertical com blocos de gesso nas áreas internas, ambos através de um projeto
para produção da vedação, desenvolvidos por uma empresa de projetos contratada.
4.2.2 Apresentação e análise dos resultados
Em relação à empresa de projeto pesquisada, apenas 20% dos projetos são
desenvolvidos na fase do anteprojeto, sendo o restante desenvolvidos na fase em que os
demais projetos já foram desenvolvidos e entregues. Os softwares que a empresa utiliza
para o desenvolvimento dos projetos são: Excel, Word, AutoCAD e Corel draw.
Em relação à sequência de etapas e tempo estimado para a realização de cada uma delas,
no desenvolvimento do projeto, a empresa afirmou que são seguidas as seguintes etapas:
1. compatibilização dos projetos recebidos (4 dias);
2. interação com setor de coordenação de projetos e/ou demais projetistas (4 dias);
3. locação, dimensões e posições relativas de todas paredes (2 dias);
4. modulação das paredes (8 dias);
5. detalhamento construtivo de todas paredes e detalhamentos adicionais (4 dias);
6. locação e detalhamento das paredes com instalações (5 dias);
91
7. quadro de quantitativos (1 dia);
8. revisão geral (2 dias);
9. acompanhamento durante execução (3 visitas);
10. auxílio no manual do usuário e procedimento de execução de serviço (2 dias);
11. realização de ensaios de desempenho, quando contratados pela empresa (7 dias).
Desta forma a empresa realiza um projeto de vedação com blocos de gesso entre 20 e 30
dias.
No que se refere ao conteúdo existente no projeto, a empresa revelou que sempre
desenvolve as seguintes plantas/documentos:
planta de conferência;
planta de eixos de locação da vedação;
planta de 1ª fiada;
caderno de elevações;
caderno de detalhes;
quantitativo dos blocos;
planta furação elétrica;
planta furação hidráulica;
planejamento e
sequência de execução e recomendações técnicas.
A empresa não elabora a planta de 2ª fiada e afirmou que a mesma não se aplica ao
projeto de vedação com blocos de gesso. Em relação à planta de distribuição dos
materiais, sua entrega é discutida com o cliente e empresa terceirizada.
Quanto à coordenação de projetos, o projetista mencionou que sua existência dependia
de cada empresa. Em empresas que realizam a coordenação, há a interação direta com o
coordenador e os projetistas. Em empresas que não aplicam a coordenação, há a
proposta inicial de coordenação e compatibilização dos projetos.
O projetista foi indagado à respeito das principais dificuldades encontradas na
elaboração e compatibilização dos projetos para produção.
92
As principais dificuldades existentes na elaboração de um projeto são, segundo o
projetista:
estágio tecnológico atual dos fabricantes de blocos de gesso;
o estágio atual de racionalização e
a deformabilidade e esbeltez das estruturas de concreto armado.
As dificuldades existentes durante a compatibilização de projeto são, segundo o
projetista:
contratação do projeto vedação com bloco de gesso na iminência de execução da
mesma;
recebimento dos projetos em versões obsoletas e
falhas construtivas existentes de etapas anteriores à vedação.
De acordo com o projetista da empresa, as dificuldades citadas acima são oriundas,
preponderantemente, pelo fato de o projeto ser contratado após a execução parcial da
estrutura, onde as definições que impactam no desenvolvimento do projeto de vedação
não podem mais ser compatibilizadas com os outros projetos, devido à execução de
alguns serviço já ter sido iniciada.
Em relação à obra pesquisada, o projeto de vedação vertical com blocos de gesso da
presente obra foi desenvolvido pela mesma empresa de projeto pesquisada no estudo de
caso.
Para o preenchimento do questionário elaborado para o estudo de caso propriamente
dito, foi solicitado ao engenheiro da obra todos os projetos referentes à vedação vertical
interna com blocos de gesso. Realizou-se uma análise do conteúdo existente nos
projetos e, em seguida, preencheu-se o questionário desenvolvido.
Foi observada a presença das seguintes plantas/documentos: planta de eixos de locação
da vedação, planta de 1ª fiada, caderno de elevações, caderno de detalhes, quantitativo
dos blocos e recomendações técnicas. Não foram observadas as seguintes
plantas/documentos:
93
planta de conferência;
planta de 2ª fiada;
planta de distribuição dos materiais;
planta de furação elétrica e
planta de furação hidráulica.
4.3 Estudo de caso 2
4.3.1 Caracterização da construtora e da obra
A empresa pesquisada neste estudo de caso foi a mesma construtora da pesquisa de
estudo de caso 1, já caracterizada anteriormente. Contudo, optou-se por outra obra para
ocasião da visita.
A obra pesquisada consiste em uma edificação residencial, localizada na cidade do
Recife, bairro do Pina. A edificação possui 17 pavimentos tipo, sendo 02 pavimentos de
cobertura, além do térreo e semi-enterrado para garagem. Em cada pavimento há 02
apartamentos com 118,00 m², constituindo uma área total de 5.961,78 m².
A obra teve início em março de 2007 e está prevista para entrega em janeiro de 2011. O
serviço de vedação é terceirizado pela empresa construtora, no qual a prestadora de
serviço fornece todo o material e mão de obra necessária.
A obra possui um projeto de vedação vertical com blocos de gesso bastante simples,
porém, não era utilizado pelos funcionários para execução do serviço, evidenciando
uma dificuldade na tecnologia construtiva deste serviço.
O projeto tratava detalhes de construção como, por exemplo, a amarração dos blocos e
local de execução de cada tipo de bloco utilizado.
94
4.3.2 Apresentação e análise dos resultados
Na obra pesquisada foram identificados 02 tipos de blocos utilizados: standard e o
hidrofugado. A cola de gesso utilizada foi a de 20 kg, ambos os materiais eram
fornecidos por uma empresa situada no Pólo gesseiro de Pernambuco (Figuras 47 e 48).
Figura 47 – Bloco de gesso Standard Figura 48 – Cola de Gesso de 20 kg
Além disso, o gesso utilizado para acabamento era o gesso 70 de fundição, também da
empresa Supergesso.
As Figuras de 49 a 54 ilustram os principais equipamentos e ferramentas utilizadas
durante a execução do serviço de vedação observado.
Figura 49 – Martelo de borracha Figura 50 – Espátula
95
Figura 51 – Linha de nylon Figura 52 – Equipamentos de proteção
individual
Figura 53 – Esquadro de alumínio para
conferência do serviço
Figura 54 – Fio de face
O pedreiro utilizou martelo de borracha, espátula e linha de nylon para auxiliar no
assentamento dos blocos de gesso. Para o corte dos blocos, o pedreiro utilizou
corretamente os equipamentos de proteção individual (EPI), que foram os óculos, a
máscara e o protetor auricular. Na obra, foram utilizadas duas ferramentas de controle
geométrico para verificação do serviço, tais como: esquadro de alumínio e prumo de
face.
Os blocos de gesso eram preparados/cortados, com a dimensão especificada em projeto,
pelo mesmo profissional que executava o serviço de elevação da vedação, podendo
gerar uma diminuição da produtividade na execução do serviço. O ideal seria a empresa
colocar uma pessoa exclusivamente para o corte dos blocos para não haver interrupções
no serviço de elevação da vedação.
96
Os blocos eram cortados em uma central localizada no próprio pavimento, através da
utilização de máquina para corte (Figura 55), visto que o serrote não estava em boas
condições de utilização. Contudo, esta opção gera bastante poeira sujando o pavimento
(Figura 56).
Figura 55 – Central de preparação dos
blocos no próprio pavimento
Figura 56 – Corte dos blocos de gesso com
equipamento elétrico e poeira gerada
Na execução do serviço, a preparação da cola de gesso era executada através da mistura
da água e cola de gesso em pó, na qual não foram observados critérios específicos na
dosagem. O funcionário polvilhava uma determinada quantidade de pó na água, sem
uma medição, e misturava logo em seguida, sem aguardar o tempo especificado no
produto (Figuras 57 e 58).
Figura 57 – Inserção da cola de gesso no
recipiente de mistura
Figura 58 – Preparação da cola de gesso
manualmente
97
Após a cola de gesso preparada, o funcionário aplicava a cola com uma espátula no
bloco a ser assentado (Figura 59) no lado inferior e lateral e, em seguida, pressionava o
bloco contra a parede (Figura 60).
Figura 59 – Aplicação da cola de gesso com
a espátula
Figura 60 – Assentamento do bloco de
gesso
Após o bloco assentado, o funcionário conferia se a medida estava correta, ajustando-o
através do martelo de borracha, sem a utilização de dispositivo de madeira, que evita
danos nos cantos dos blocos (Figura 61).
Figura 61 – Conferência de medida com trena metálica
A cada fiada o funcionário verificava o alinhamento e o prumo, conforme observado
nas Figuras 62 e 63, respectivamente.
98
Figura 62 – Verificação do alinhamento
com a régua de alumínio
Figura 63 – Verificação do prumo com o fio
de face
As instalações elétricas e hidráulicas foram realizadas por empresa terceirizada
especializada neste serviço através de corte das paredes com uma cortadora diamantada,
da marca Hilti e com referência DC-SE 20, ideal para abertura de canaletas em concreto
e alvenaria, segundo o próprio fabricante. A Figura 64 ilustra o corte realizado na
parede com parte da instalação elétrica já embutida na mesma.
Figura 64 – Corte da parede com equipamento específico para as instalações
A fixação superior foi realizada através de espuma de poliuretano, conforme ilustrado
na Figura 65.
99
Figura 65 – Fixação superior vedação vertical/viga através de espuma de poliuretano
Para a execução da fixação superior, não foi encontrado a utilização do primer para
aplicação nos blocos, a fita autocolante ou de papel para a realização do acabamento
nem o revestimento específico para acabamento e finalização do serviço, o que pode vir
a prejudicar no desempenho da vedação.
Embora a execução da fixação superior não estivesse de acordo com o recomendado
pelas bibliografias, o projeto também não especificava os materiais necessários a serem
utilizados neste serviço, evidenciando uma falha no desenvolvimento do mesmo.
A Figura 66 ilustra a parede pronta, atentando-se para a primeira fiada em azul,
composta por blocos hidrófugos.
Figura 66 – Parede executada com a primeira fiada com blocos hidrófugos
Embora existisse o projeto para produção do serviço de vedação vertical com blocos de
gesso, situação que deveria tornar o serviço de execução mais racional, os blocos eram
Espuma de
poliuretano
Bloco de gesso
Viga
100
cortados sem haver nenhum reaproveitamento das sobras, gerando resíduos e,
consequentemente, aumentando o custo da vedação..
Através do embasamento obtido nas pesquisas bibliográficas e dos estudos de casos
realizados, foi possível apresentar o método construtivo da vedação vertical com blocos
de gesso, que será descrito no capítulo seguinte.
101
5 MÉTODO CONSTRUTIVO DA VEDAÇÃO VERTICAL INTERNA
COM BLOCOS DE GESSO
O presente capítulo apresentará o método construtivo da vedação vertical interna com
blocos de gesso, elucidando os procedimentos para sua execução em uma edificação
multipavimentos, baseado nas consultas às bibliografias nacionais e internacionais e nas
observações realizadas nas pesquisas de estudos de caso.
As informações contidas neste capítulo são resultantes da análise dos capítulos
anteriores e, portanto, agora ajustadas aos propósitos estabelecidos neste trabalho.
É importante ressaltar que o método construtivo a ser apresentado neste capítulo é
aplicável para blocos de gesso alveolares, visto que são os mais empregados no Brasil.
O blocos maciços serão recomendados apenas para alguma particularidade de projeto.
A sequência construtiva da vedação vertical interna com blocos de gesso é muito
semelhante à de uma parede de alvenaria. Para a execução da vedação vertical interna
com blocos de gesso, as etapas listadas devem ser seguidas, quais sejam:
Condições de início;
Locação da vedação;
Preparação da superfície da interface para receber a vedação
Instalação das réguas metálicas
Execução da primeira fiada;
Elevação;
Fixação superior;
Acabamento final.
A seguir, serão mencionadas e discutidas cada uma dessas etapas, enfatizando as
recomendações que devem ser seguidas, além do cuidado que deve ser dado aos
detalhes construtivos.
102
5.1 Condições de início
Para o início da execução da vedação vertical interna com blocos de gesso, algumas
condições devem ser seguidas objetivando uma maior organização, produtividade e
qualidade do serviço.
De uma forma geral, deve-se retardar ao máximo o início da vedação vertical com
blocos de gesso, iniciando a execução da vedação de forma descendente, começando no
último pavimento e concluindo no primeiro, evitando assim a produção de flechas com
o peso próprio da vedação.
O serviço de vedação interna com blocos de gesso deve ser um dos últimos a ser
executado. É preferível que a fachada da edificação esteja concluída, impermeabilizada
e com todas as esquadrias das vedações externas instaladas; os pontos de
impermeabilização das lajes e da coberta também devem estar concluídos.
Além disso, as vedações que não serão realizadas com blocos de gesso e o revestimento
das mesmas, devem estar executados, assim como todo o componente considerado
pesado (granito, mármore ou cerâmicas pesadas) a ser instalado sobre o piso.
Caso não seja possível retardar o início da execução do serviço, é recomendado o início
do mesmo com o pavimento superior sem o escoramento da estrutura e o pavimento
seguinte até 50 % escorado, conforme ilustrado na Figura 67, de modo a minimizar ao
máximo as deformações.
103
Figura 67 – Esquema para início da execução do serviço (ISOMUR, 2007)
Algumas condições estruturais devem ser obedecidas para que as vedações possam ser
executadas, obtendo-se o máximo de seu desempenho, como por exemplo, a verificação
do nivelamento do piso, do prumo e esquadro da estrutura nas áreas previstas no projeto
arquitetônico, sendo admissível um desvio de 0,5% em cada verificação. Caso essas
exigências não tenham sido atendidas, deve-se corrigi-las para dar início ao serviço de
vedação.
Como qualquer início de execução do serviço, o pavimento a ser executada a vedação
deve estar limpo e isento de resíduos e sujidades.
Os blocos a serem utilizados devem ser transportados para os pavimentos poucos dias
antes do início do serviço, a fim de distribuir o carregamento no pavimento, e devem ser
armazenados de forma organizada, separados por tipo.
Antes do início do serviço, todo o material e ferramentas necessários para sua execução
devem estar localizados no pavimento, além do projeto para produção.
Pavimento 100% escorado
Pavimento 50% escorado
Pavimento sem escoramento
Início da execução
104
5.2 Locação da vedação
Com a estrutura conferida, o pavimento limpo e os materiais e equipamentos
disponíveis para a execução do serviço, inicia-se a etapa da locação da vedação, ou seja,
a etapa de materialização da vedação no pavimento.
A vedação deve estar materializada no piso e parede, na espessura do bloco de gesso a
ser instalado, de acordo com o projeto (Figura 68). Para a materialização da vedação
utiliza-se, de preferência, a linha/fio traçante, a qual fornece um alinhamento preciso.
Figura 68 – Locação da vedação vertical na espessura do bloco (ISOMUR, 2007)
A locação da vedação a ser executada também pode ser realizada, através de uma linha
de pedreiro, de acordo com a especificação do projeto. Entretanto, este método pode
não garantir um alinhamento preciso, como no caso da linha traçante, já que a linha
fixada pode ser deslocada pela movimentação de pessoas e equipamentos.
Vale ressaltar que o operário que irá executar o serviço deve verificar o prumo,
esquadro e espessuras da materialização da vedação, antes do início da execução, de
acordo com a Figura 69.
105
Figura 69 – Conferência da locação da vedação (ISOLAVA, 2009)
5.3 Preparação da superfície da interface para receber a vedação com blocos de
gesso
Para a fixação da vedação vertical à superfície da estrutura de concreto, alvenaria ou
gesso acartonado, devem ser realizados alguns procedimentos, os quais serão
explicitados a seguir.
5.3.1 Encontro da vedação com blocos de gesso/estrutura de concreto
Visando impedir que a deformação da estrutura de concreto, deformações diferenciais
resultante dos materiais constituintes ou deformações térmicas das fachadas não
exerçam esforços excessivos na vedação com blocos de gesso, ocasionando danos como
fissuras e trincas, devem ser inseridos materiais resilientes entre a vedação e a estrutura
(NF P72 - 202 – 1994).
Esses elementos são essenciais na execução do serviço, e não deve ser admitida a
ausência parcial ou total desses elementos.Devem ser instalados elementos de dilatação
durante a execução da vedação de modo a amortecer as deformações estruturais,
diferenciais ou térmicas e estas não exercer esforços excessivos na vedação.
O elemento de dilatação recomendado é o poliestireno expandido, que deve ser colado
com cola na estrutura. Na superfície da laje deve ser instalado o poliestireno de alta
densidade (isopor); enquanto que nos pilares, vigas, paredes e no fundo de laje deve ser
instalado o de densidade normal.
106
Os elementos de dilatação devem ser instalados em todo o perímetro da vedação, no
encontro com os elementos estruturais, conforme observado na Figura 70. Caso o
projeto tenha previsto uma flecha superior a 15 mm, devem ser utilizadas espessuras
maiores de elementos de dilatação.
Figura 70 – Instalação dos elementos de dilatação (ISOMUR, 2007)
Além da instalação dos elementos de dilatação, devem-se instalar dispositivos de
ancoragem, através da perfuração da estrutura com um broca de 8 mm de diâmetro a
uma profundidade entre 3 a 5 cm (Figura 71).
A fixação desses dispositivos não requer a utilização de cola tipo epóxi, com exceção da
ancoragem com alvenaria, a qual se recomenda a aplicação de alguma cola para
melhorar a fixação.
Figura 71 – Esquema da ancoragem vedação-estrutura (ISOMUR, 2007)
107
Segundo a ISOMUR (2007), o critério para a disposição dos componentes para a
ancoragem vertical vedação/estrutura deve ser:
Vedação cuja altura seja de até 2,5 m: devem ser instalados duas ancoragens
verticais, localizados aproximadamente 70 cm das lajes superior e inferior;
Vedação cuja altura seja de até 3,5 m: deve ser instalada uma terceira ancoragem
adicional, localizada na distância média das duas lajes.
Para a ancoragem horizontal, devem-se instalar a primeira ancoragem com 1 m de
distância da estrutura vertical, e as ancoragens sucessivas devem ser dispostas a uma
distância máxima de 1,20 m, de acordo com a Figura 72 (ISOMUR, 2007).
Figura 72 – Esquema de distribuição de ancoragens (ISOMUR, 2007)
Para proporcionar uma adequada dilatação e proteger os elementos de ancoragem contra
a oxidação, os elementos de ancoragem devem ser protegidos com uma espuma de
polietileno.
Todos os elementos de ancoragem devem ser protegidos através de uma espuma de
polietileno objetivando a proteção contra a oxidação assim como uma adequada
dilatação. A largura da espuma deve ser de 20 mm e maior que a seção exposta do
elemento de ancoragem, conforme apresentado na Figura 73.
Pilar de concreto
Ancoragens
Viga de concreto
108
Figura 73 – Proteção dos elementos de ancoragem através de espuma de polietileno (ISOMUR,
2007)
5.3.2 Encontro da vedação com blocos de gesso / alvenaria
A alvenaria estando bruta, o bloco de gesso pode ser fixado com a cola de gesso
diretamente sobre o tijolo. Entretanto, caso a parede já esteja pintada ou revestida será
necessário apicoá–la (Figura 74) e limpar a poeira para obter maior ancoragem da cola
de gesso.
Figura 74 – Preparação da fixação da alvenaria para a execução da vedação com blocos de
gesso (ISOLAVA, 2009)
Posteriormente, deve-se colocar uma tela de poliéster ou nylon centralizada no encontro
para realizar o acabamento com massa de gesso ou massa PVA.
Espuma de polietileno
Elemento de
dilatação
109
5.3.3 Encontro da vedação com blocos de gesso / divisória de gesso acartonado
Quando a vedação com blocos de gesso for executada junto à parede de gesso
acartonado e esta estiver bruta, a vedação pode ser executada sem nenhum tratamento.
Caso, a divisória estiver emassada ou pintada, será necessário raspá–la.
De qualquer forma, deve ser inserida uma tela de poliéster ou nylon centralizada no
encontro com massa de gesso ou massa PVA.
5.4 Instalação das réguas metálicas
As réguas metálicas devem ser instaladas verticalmente, unindo o traço inferior com o
traço superior, conferindo o prumo e alinhamento através de um nível de bolha e régua
de alumínio, respectivamente, e devem ser instaladas com o auxílio de cunhas de
madeira, com um distanciamento entre elas de 90 cm, conforme apresentado na Figura
75.
Em contrapartida, deve-se atentar que a instalação de uma grande quantidade de réguas
pode causar uma diminuição na produtividade do serviço.
Figura 75 – Réguas metálicas separadas por 90 cm (ISOMUR, 2007)
Deve-se evitar a instalação de réguas de madeira, uma vez que suas características
podem trazer problemas no prumo das instalações.
110
A Figura 76 ilustra uma visão geral da instalação das réguas metálicas.
Figura 76 – Distribuição das réguas metálicas e do elemento de dilatação inferior (ISOMUR,
2007)
5.5 Execução da primeira fiada
A execução da primeira fiada é uma das etapas mais importantes do serviço, pois dela
dependem a elevação das demais fiadas.
É importante ressaltar a limpeza cuidadosa de todos os blocos, utilizando uma escova
plástica, de modo a retirar o pó existente nas bordas. Se o operário não tiver esse
cuidado, o pó presente nas extremidades impedirá a adequada aderência entre o bloco e
a cola de gesso.
A norma NF P72 - 202 (AFNOR, 1994) recomenda que, para as áreas molhadas como
cozinha e banheiros, sejam realizados alguns serviços, tais como:
Executar, de preferência, a primeira fiada com blocos hidrofugados;
Executar um sóculo de concreto, argamassa ou alvenaria ultrapassando, no
mínimo, 2 cm do nível do piso finalizado, sobre o qual serão instalados os
blocos;
Utilizar um perfil em ―U‖ de PVC de largura igual à espessura do bloco e altura
de 2 cm do nível do piso, junto com uma fita de espuma de polietileno acima. A
proteção pelo perfil ―U‖ é admissível para vedações com comprimento inferior a
3,50 cm.
Traços
Réguas metálicas
Elementos de dilatação
111
A Figura 77 ilustra como devem ser executados os blocos da primeira fiada em locais
com possível presença de água, através de um berço de argamassa e perfil ―U‖ de PVC,
respectivamente.
Figura 77 – Execução do bloco de primeira fiada em possíveis áreas molháveis (NF P72 - 202 –
1994)
Por outro lado, diversas bibliografias brasileiras como Costa e Inojosa (2007), Atual
(2009) e ITEP (2009), recomendam a utilização de gesso hidrófugo em toda primeira
fiada para evitar a ascensão de água por capilaridade. Porém, essas bibliografias não
recomendam a execução do berço de argamassa ou instalação do perfil em ―U‖ de PVC,
podendo comprometer os blocos da primeira fiada.
A cola de gesso deve ser aplicada sobre os elementos de dilatação inferiores e laterais,
para posteriormente instalar o bloco, como apresentado na Figura 78, com o lado macho
do bloco para baixo, previamente cortado, de modo a proporcionar uma maior seção em
contato com o elemento de dilatação.
Cola
―U‖ de PVC 2 cm acima do nível do piso
Sóculo em argamassa ou alvenaria
Elemento de dilatação (e=4 ou 5 mm)
112
Figura 78 – Execução da primeira fiada com bloco hidrófugo (ISOMUR, 2007)
Uma vez instalado o primeiro bloco, aplica-se a cola de gesso sobre o lado do bloco já
instalado e o segundo bloco é assentado, separado do primeiro aproximadamente 3 cm
para deslizá-lo até o bloco já instalado (Figura 79), aplicando suaves golpes com o
martelo de borracha, com auxílio de um dispositivo de madeira que evite danificar as
arestas dos blocos, produzindo assim uma adequada distribuição da cola entre os blocos.
Desta forma, todos os demais blocos da fiada devem ser assentados.
Figura 79 – Forma de deslizamento para execução dos blocos de gesso (ISOMUR, 2007)
É importante salientar que a cola deve ser destendida uniforme e continuamente em
todo o perímetro de contato entre o bloco e entre o bloco e base.
1º passo
2º passo
113
5.6 Elevação da vedação
A segunda fiada deve ser iniciada com o assentamento do meio bloco, assegurando a
amarração da vedação. Aplica-se a cola de gesso sobre a superfície superior horizontal
da primeira fiada e na lateral do bloco que será assentado.
A Figura 80 ilustra o início da execução da segunda fiada, através da instalação do meio
bloco. Vale salientar que os elementos de ancoragem devem ficar embutidos nos
alvéolos dos blocos de gesso.
Figura 80 – Execução da segunda fiada através da instalação do meio bloco (ISOMUR, 2007)
A elevação das paredes é realizada até a última fiada, devendo ficar esta última a uma
distância do elemento de dilatação entre 20 a 25 mm, de modo a executar a fixação da
vedação à estrutura.
Durante a execução da elevação da vedação, deve-se atentar para o completo
preenchimento das juntas verticais e horizontais dos blocos e para a retirada do excesso
da cola nas juntas através de espátula, podendo utilizá-la para preencher possíveis
imperfeições.
Ancoragem
2ª fiada de ½
bloco
114
Devem-se evitar cortes de bloco menores que ½ bloco junto aos vãos de porta e vãos de
janelas e a cada fiada é importante verificar o alinhamento e prumo dos blocos através
de régua de alumínio e prumo de face, respectivamente.
5.7 Fixação superior
Segundo a norma francesa NF P 72-202 (AFNOR, 1994) a fixação superior pode ser
executada de acordo com duas situações diferentes:
1) Quando a estrutura é pouco deformável;
2) Quando a estrutura é deformável.
5.7.1 Fixação em estruturas pouco deformáveis
Para a execução da fixação superior quando a estrutura é pouco deformável, a norma
NF P 72-202 (AFNOR, 1994) recomenda a utilização de uma faixa de material
resiliente, com largura igual a espessura da vedação, inserida entre a vedação e o teto.
Essa faixa deve ser colada com a cola de gesso e dependendo do tipo do material do
teto, deve-se seguir as seguintes recomendações, destinada a uma boa aderência entre a
vedação e o teto:
Teto em concreto: a colagem é realizada após a limpeza da superfície e, se
necessário deve-se apicoá-la;
Teto com revestimento de gesso: antes da colagem deve-se apicoar a superfície.
O preenchimento do espaço restante entre a vedação e a faixa deve ser realizado com
uma mistura de cola de gesso e cola branca ou espuma de poliuretano, como ilustra a
Figura 81.
115
Figura 81 – Fixação superior em estruturas pouco deformáveis (NF P 72-202 AFNOR, 1994)
Posteriormente, deve ser realizado o acabamento da junta através de uma faixa para
acabamento dos ângulos (NF P 72-202 AFNOR, 1994).
5.7.2 Fixação em estruturas deformáveis
Quando a estrutura é deformável, a fixação pode ser realizada através da execução do
preenchimento com espuma de poliuretano expandido no espaço deixado entre o bloco
e o teto, que deve ser entre 1,0 a 3,0 cm, conforme observado na Figura 82 (NF P 72-
202 AFNOR, 1994).
Figura 82 – Fixação superior em estruturas deformáveis (NF P 72-202 AFNOR, 1994)
De qualquer forma, nas duas situações supracitadas é necessária realizar a aplicação de
tela de poliéster na altura da fixação realizando o acabamento com cola de gesso.
Espuma de
poliuretano
Espuma de poliuretano
Acabamento e tratamento da
fixação com as placas de
gesso
Acabamento da fixação
Preenchimento com cola de
gesso e cola branca
Acabamento da
fixação
116
5.8 Acabamento final
O acabamento final da vedação é realizado através de gesso ou massa de gesso para o
rejuntamento dos blocos, e só deve ser iniciada quando a vedação já estiver seca. O
gesso deve penetrar nas juntas com desempenadeira metálica (Figura 83).
Figura 83 – Execução do acabamento final da vedação (ATUAL, 2009)
Posteriormente, deve ser realizado o acabamento raspando o excedente. O serviço deve
ser realizado após alguns minutos até a obtenção de uma superfície perfeitamente lisa.
As juntas horizontais devem ser tratadas da mesma maneira que as juntas verticais.
5.9 Detalhes construtivos
5.9.1 Instalação dos elementos de reforço
Os elementos de reforço devem ser instalados nas extremidades da vedação, quando
esta não está apoiada em outra parede ou para paredes que exijam uma maior rigidez. A
Figura 84 ilustra a instalação desses elementos, os quais devem ser projetados
especialmente para os blocos a serem executados e para a altura do teto. Sempre deve
ser verificada a verticalidade através de um nível de bolha, ajustando se necessário com
o auxílio da marreta.
117
Figura 84 – Instalação dos elementos de reforço (DECOR, 2009)
Para o dimensionamento dos elementos de reforço, a altura, largura ou até mesmo a área
da vedação devem ser levadas em consideração. A norma francesa NF P72 - 202 –
1994, recomenda seguir os valores apresentados da Tabela 27.
Tabela 27 – Dimensionamento dos elementos de reforço (NF P72 - 202 AFNOR, 1994)
Espessura do bloco (cm) Altura máxima (m) Distância horizontal máxima entre os
elementos de reforço (m)
5 e 6 2,60 5,00
7 e 8 3,00 6,00
10 ou mais 4,00 8,00
As alturas ou distância máximas entre elementos podem, contudo, ser excedidas num
limite de 30% para as alturas e 15% para as distâncias horizontais, sob a condição que a
área entre os elementos seja inferior ou igual aos valores da Tabela 28 (NF P72 - 202
AFNOR, 1994).
118
Tabela 28 – Área máxima entre elementos de reforço (NF P72 - 202 AFNOR, 1994)
Espessura do bloco (cm) Área máxima entre os
elementos (m²)
5 e 6 13
7 e 8 18
10 ou mais 32
De acordo com Nolhier (1986) os elementos de reforço podem ser de madeira, gesso,
metal ou concreto armado. As Figuras 85 e 86 apresentam os elementos metálicos e de
madeira, respectivamente.
Figura 85 – Elementos de reforço metálico (NF
P72 - 202 AFNOR, 1994)
Figura 86 – Elementos de reforço de madeira
(NF P72 - 202 AFNOR, 1994)
5.9.2 Encontro entre paredes
O encontro entre paredes pode ser realizado de duas maneiras, encontro em ―L‖ e
encontro em ―T‖.
5.9.2.1 Encontro em “L”
Para este tipo de encontro, os blocos devem estar amarrados, permanecendo no vértice
do encontro (Figura 87) e assegurando que a quantidade da cola de gesso aplicada seja
suficiente em todas as juntas.
Bloco de gesso
Elementos de reforço
Junta elástica
119
Figura 87 – Encontro entre paredes em ―L‖ (ISOMUR, 2007)
5.9.2.2 Encontro em “T”
Para este encontro, executa-se a primeira fiada de uma parede (parede 1), onde a
primeira fiada da parede perpendicular a esta (parede 2), ficará apoiada na parede 1. Na
segunda fiada da parede 1, deve-se deixar um espaço correspondente para encaixe do
bloco da parede 2, devendo transpassar completamente a espessura da parede 1,
conforme observado na Figura 88. Este procedimento deve se repetir a cada fiada até a
execução completa da parede.
Figura 88 – Encontro entre paredes em ―T‖ (ISOMUR, 2007)
120
5.9.3 Instalações elétricas
O embutimento das instalações elétricas na vedação devem ser evitadas na medida do
possível. Caso não seja possível, não se deve executá-las em blocos com espessuras de
5 cm ou abaixo disso (NF P72 - 202 AFNOR, 1994).
Os blocos devem ser cortados a uma profundidade máxima de 35 mm, com uma largura
igual ao diâmetro do tubo mais 15 mm (Figura 89), através do equipamento mais
adequado para o corte. Vale ressaltar que não se devem realizar cortes excessivos nos
blocos.
Figura 89 – Detalhe do corte no bloco para as instalações (ISOMUR, 2007)
No caso de instalações com tubulação de maiores dimensões, os blocos podem ser
cortados de um lado ao outro, devendo-se preencher com cola de gesso posteriormente.
As dimensões e disposições dos cortes para a execução das instalações elétricas podem
ser observadas através da Figura 90, de acordo com a norma NF P72 - 202 AFNOR,
1994.
121
Figura 90 – Disposição dos cortes para a execução das instalações elétricas (NF P72 - 202
AFNOR, 1994)
5.9.4 Fixação de marcos de porta
5.9.4.1 Fixação dos marcos de madeira
A fixação dos marcos de madeira é realizada perfurando a vedação no sentido
perpendicular a porta para assim, inserir uma cavilha de madeira, com dimensões
recomendadas de 1 de diâmetro por 50 mm de largura, o qual se fixará com cola de
gesso.
O furo no bloco, para inserção da cavilha, deve ser pelo menos 1/4 maior que a cavilha,
deixando um espaço para a aplicação da cola. As fibras longitudinais da cavilha devem
ser perpendiculares ao parafuso de fixação, conforme ilustrada na Figura 91.
122
Figura 91 – Detalhe da cavilha de madeira (ISOMUR, 2007)
Quando o marco está inserido no eixo longitudinal da vedação, a distância mínima que
deve existir entre a borda da perfuração e a borda do vão final deve ser de 30 mm
(Figura 92).
Figura 92 – Detalhe da borda (ISOMUR, 2007)
Quando o marco da porta for perpendicular à vedação as perfurações poderão ser de
maiores dimensões para poder inserir a cavilha que deverá chegar ao centro da vedação,
conforme a Figura 93.
Cola de gesso
Cavilha de
madeira ϕ 1″x5cm
Furo no bloco
Cavilha de madeira
ϕ 1″
Cola de gesso
Furo no bloco ϕ 1 ¼″
123
Figura 93 – Detalhe da inserção da cavilha para fixação do marco (ISOMUR, 2007)
A quantidade de cavilhas a ser instalada dependerá das recomendações do fabricante do
marco. De qualquer forma, se recomenda instalar de 3 a 4 cavilhas por lado e 1 cavilha
na parte superior do marco, como apresentado na Figura 94.
Figura 94 – Distribuição das cavilhas de madeira para fixação do marco de porta (ISOMUR,
2007)
5.9.4.2 Fixação dos marcos metálicos
Em relação à fixação dos marcos metálicos, existem três formas de fixá-los:
Projeção do
marco da porta
Cola de gesso Cavilha de madeira Furo no bloco
124
1) Elemento de aço – Utilizam-se peças de 12 cm de largura e 8 mm de diâmetro,
que irão fixados ao marco. Recomenda-se pintar com tinta anti-corrosiva e
instalar três ancoragens por lado (Figura 95);
Figura 95 – Detalhe da fixação do marco (ISOMUR, 2007)
2) Ômega – Confeccionado em arame galvanizado nº 12 ou superior, que se
instalarão de forma simultânea com a vedação através da cola de gesso de forma
pontual (Figura 96)
Figura 96 – Detalhe da fixação do marco (ISOMUR, 2007)
Cola de gesso Bloco de gesso
Marco metálico Ômega com arame
galvanizado
Cola de gesso Bloco de gesso Elementos de
dilatação
Marco metálico Ferro soldado ϕ=8
125
3) ―T‖ em aço – Confeccionado em obra com peças de aço pra construções,
possuem dimensões suficientes para serem trabalhadas dentro do marco metálico
(Figura 97). Também devem ser pintados com tinta anticorrosiva.
Figura 97 – Detalhe da fixação do marco em ―T‖ (ISOMUR, 2007)
5.9.5 Fixação de reforços nos cantos de aberturas
A fixação dos reforços nos cantos de aberturas é realizada na região de execução das
vergas, porém não há a instalação destas.
Para os blocos tipo standard a abertura deve ser de, no máximo, 85 cm. Nos vértices
devem ser instalados perfis de fibra de vidro de 10 cm de largura e 30 cm de
comprimento as quais devem ser executadas em ambos os lados da abertura, no sentido
perpendicular à possível área de esforço (Figura 98).
Marco metálico Bloco de gesso
Cola de gesso
Elementos de
dilatação
―T‖ de ferro
soldado ϕ=8
126
Figura 98 – Execução dos reforços através de perfis de fibra de vidro (ISOMUR, 2007)
Para a execução de blocos reforçados com fibras de vidro pode-se realizar aberturas de
até 1,2 m. No caso de aberturas maiores, o projetista deverá estudar cada caso. Contudo,
podem-se instalar perfis metálicos, que deverão ultrapassar pelo menos 20 cm sobre o
bloco (Figura 99).
Figura 99 – Execução dos reforços através de perfil metálico (ISOMUR, 2007)
Perfil de reforço Bloco de gesso
Bloco de gesso Perfil de reforço
127
5.9.6 Fixação de objetos
O método de fixação dos objetos vai depender da carga dos mesmos, dividindo-se em:
objetos leves (até 15 kg), objetos de peso médio (entre 15 e 30 kg) e objetos pesados
(maior que 30 kg).
Para fixação dos objetos nas paredes de vedação com blocos de gesso é necessário
realizar a instalação dos elementos de fixação, específicos para cada carga do objeto que
será fixado. Os elementos de fixação já foram apresentados no capítulo 3 desta
dissertação.
5.9.7 Isolamento acústico
Visando satisfazer os requisitos de desempenho acústico da vedação nas obras deve-se
realizar o isolamento acústico da vedação vertical.
A ISOMUR (2009) propõe a utilização da execução de duas paredes verticais, separadas
por uma distância de 20 mm entre elas, na qual é inserida lã de vidro de 20 mm de
espessura e densidade de 80 kg/m³, de acordo com a Figura 100. As dilatações laterais e
superiores substituídas por lã de vidro cujas dimensões são 20 mm de espessura e 60
mm de largura, com densidade de 80 kg/m³.
Segundo a ISOMUR (2007), esta solução cumpre o requisito especificado para 45 dB,
certificada por ensaio.
128
Figura 100 – Isolamento acústico da vedação (ISOMUR, 2007)
As soluções descritas neste capítulo devem ser avaliadas para a realização das
adaptações necessárias. Além disso, deve-se avaliar qualquer medida distinta daquela já
estabelecida e consagrada pela literatura que serviu de referência para o estabelecimento
do método construtivo.
129
6 CONCLUSÕES
6.1 Considerações Finais
Esta pesquisa apresentou o trabalho de dissertação desenvolvido com o título ―Método
Construtivo de Vedação Vertical Interna com Blocos de Gesso‖ e, através desta,
percebeu-se que o interesse na utilização das vedações verticais internas com blocos de
gesso vem crescendo, em virtude, principalmente, do menor tempo de execução, maior
área útil, possibilidade de instalação sobre o piso definitivo, flexibilidade de lay out e
paredes mais leves.
Entretanto, se faz necessário um maior conhecimento no que diz respeito a sua
tecnologia construtiva para evitar, no futuro, o surgimento de patologias na vedação.
Em relação aos objetivos específicos, a discussão dos requisitos e critérios de
desempenho, requeridos para as vedações verticais internas, foram cumpridos após
estabelecidos no capítulo 2 deste trabalho.
A identificação e análise dos materiais, componentes, equipamentos e ferramentas
necessários para a execução do serviço, um dos objetivos estabelecidos no trabalho,
também foi alcançado e apresentado no capítulo 3, sendo constatada a ausência de
alguns materiais e componentes no Brasil como, por exemplo, o bloco acústico,
encontrado na França.
Através dos estudos de casos realizados, avaliou-se o atual estágio da tecnologia de
produção das vedações verticais internas com blocos de gesso. Na seqüência serão
apresentadas as principais considerações observadas nas pesquisas de estudos de casos.
A pesquisa de estudo de caso realizada na empresa de projeto evidenciou algumas
falhas como, por exemplo, a ausência do desenvolvimento de planta de 2ª fiada e planta
de distribuição de materiais, o que pode prejudicar a produtividade da execução do
serviço.
130
Em relação ao projeto para produção da obra pesquisada, constatou-se a ausência de
conteúdo essencial para auxiliar à tecnologia construtiva e tornar a vedação vertical obra
racionalizada.
Durante a seleção das empresas para a realização dos estudos de caso, pôde-se perceber
o interesse pela utilização da vedação vertical interna com blocos de gesso; porém,
ainda são poucas as empresas construtoras que adotam esse serviço, restringindo o
escopo da amostra e dificultando a realização da pesquisa.
Em alguns itens observados no estudo de caso identificaram-se falhas/diferenças
relacionadas às bibliografias pesquisadas. O projeto de produção elaborado para a obra
pesquisada não era utilizado pelos funcionários e ficava guardado no escritório junto à
administração.
Em relação à pesquisa de estudo de caso realizada na obra, a preparação da cola de
gesso deve ser dosada corretamente com a água, evitando a modificação de suas
características, fato que não foi constado na ocasião da visita.
Observou-se também a ausência de equipamentos em perfeitas condições para a
preparação/corte dos blocos de gesso, podendo causar uma diminuição na
produtividade. Além disso, não foram observados dispositivos necessários para a
utilização conjunta com martelo de borracha, objetivando não danificar os blocos.
Acredita-se na importância da apresentação do método construtivo estabelecido neste
trabalho, como forma de auxiliar na formação de corpo técnico-científico qualificado
para atuar na área de gesso e de elevar a integração dos agentes envolvidos na produção
das vedações verticais, pois, provavelmente reduzirão a ocorrência de possíveis
problemas que poderão surgir, obtendo melhor qualidade das vedações.
O conteúdo reunido nesta dissertação, de maneira sistêmica, pretende ainda estimular a
avaliação de desempenho na utilização dessa tecnologia construtiva, tendo em vista a
ausência de pesquisas em relação a este assunto.
131
Desta forma, para a vedação vertical com blocos de gesso seja consolidada no país,
devem-se efetuar as adaptações necessárias para que esse sistema de vedação seja
adequado ao processo de produção de edifícios e às características construtivas
nacionais.
6.2 Sugestões de temas para trabalhos futuros
Neste trabalho apresentou-se o atual estado da arte acerca do tema método construtivo
da vedação vertical interna com blocos de gesso, e a partir dele outras oportunidades
para novas pesquisas puderam ser identificadas, tais como:
Avaliação da produtividade na execução do serviço de vedação vertical interna
com blocos de gesso;
Avaliação das perdas dos blocos de gesso e cola de gesso, através da
implantação dos indicadores de perda;
Avaliação da quantidade de geração de resíduos gerada através da execução do
serviço;
Aplicação e avaliação de revestimentos sobre vedações verticais com blocos de
gesso;
Diretrizes para o treinamento e capacitação da mão-de-obra para execução das
vedações verticais com blocos de gesso;
Avaliação da pós-ocupação procurando identificar as possíveis patologias na
vedação vertical com blocos de gesso;
Assim, observa-se uma grande carência de estudos realizados em relação à tecnologia
construtiva da vedação vertical interna com blocos de gesso e ainda há um grande
campo a ser explorado sobre o assunto.
132
REFERÊNCIAS
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habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio
de Janeiro, 2008.
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habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho – Parte 2: Requisitos para os
sistemas estruturais. Rio de Janeiro, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edifícios
habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho – Parte 4: Sistemas de vedações
verticais externas e internas. Rio de Janeiro, 2008.
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40-010: Blocos de Gesso utilizados na Vedação Interna de Edificações –
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plate - Definitions, specifications et methodes d'essai. Paris, 2008.
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VALOR ECONÔMICO. Forte aquecimento da construção civil preocupa o BC. São
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138
ANEXO A – Questionário projetista
139
Universidade de Pernambuco
Escola Politécnica de Pernambuco
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
QUESTIONÁRIO PROJETISTA
DATA:
1. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Nome:
Endereço:
Fone/Fax:
E-mail:
Área de atuação:
Porte:
Nº de projetos em execução:
Tipos de projetos:
Tempo de atuação:
Quantidade de projetistas:
Certificação: ( ) NBR ISO 9001:2000 ( ) PBQP – H (SiAC) ( ) _______________
2. DADOS DO ENTREVISTADO
Nome: Cargo:
3. PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL COM BLOCO DE GESSO
A empresa desenvolve projeto de vedação com blocos de gesso?
Qual o perfil dos empreendimentos:
Edificação Residencial (múltiplos pavimentos)____% do total
Edificação Residencial (Casa)____% do total
Edificação Comercial_____% do total
Edificação Industrial_____% do total
Reformas____% do total. Tipo de edificação: ___________________________________
Outros_____% do total. Quais? ______________________________________________
140
Qual o perfil dos clientes?
Construtoras de grande porte____% do total Empreiteiros____% do total
Construtoras de médio porte____% do total Incorporadoras____% do total
Construtoras de pequeno porte____% do total Outros. Quais?___________________
Em que fase do desenvolvimento do empreendimento o projeto é desenvolvido:
Estudo de viabilidade do empreedimento____% do total
Ante-projeto____% do total
Executivo____% do total
Quando os demais projetos já foram desenvolvidos e entregues____% do total
Outra. ____% do total Qual? ________________________________________________
Quais os softwares utilizados no desenvolvimento dos projetos:
Excel ( ) AutoCAD ( )
Word ( ) Corel draw ( )
MS Project ( ) 3dstudio ( )
Outros ( ) Quais? _________________
Existe uma sequência de etapas para a elaboração dos projetos de vedação com blocos
de gesso? Quais as etapas padrões da empresa?
Qual o tempo estimado para a realização de cada etapa?
De modo geral, em quanto tempo é elaborado um projeto de vedação com blocos de
gesso?
Qual o conteúdo existente nos projetos: (1- nunca 5– sempre)
1 2 3 4 5
a) Planta de conferência?
b) Planta de eixos de locação da vedação?
c) Planta de 1ª fiada?
d) Planta de 2ª fiada?
e) Caderno de elevações?
f) Caderno de detalhes?
g) Quantitativo dos blocos?
h) Planta de distribuição dos materiais?
i) Planta furação elétrica?
j) Planta furação hidráulica?
141
k) Planejamento e sequência de execução?
l) Recomendações Técnicas?
Observações:
Qual o material solicitado para elaboração dos projetos de vedação com blocos de gesso:
(1- nunca 5– sempre)
1 2 3 4 5
a) Projeto de arquitetura. Completo?
b) Projeto de estrutura. Completo?
c) Projeto de instalações. Completo?
d) Procedimentos da empresa?
e) Dados dos demais projetistas?
f) Definição de tecnologias?
g) Cronograma do empreedimento?
h) Outros. Quais?______________________________
Observações:
Existe coordenação de projetos?
4. DIFICULDADES NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Quais as principais dificuldades na elaboração de um projeto de vedação com blocos de
gesso:
Quais as principais dificuldades na compatibilização de projeto de vedação com blocos de
gesso:
Observações:
142
Universidade de Pernambuco
Escola Politécnica de Pernambuco
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
Caracterização do projeto para produção de Vedação Vertical
com Blocos de Gesso
DATA: 14/10/2009
1. Existe projeto específico para vedação com blocos de gesso?
(Em caso positivo, responder o próximo item)
2. Indicar as plantas/documentos existentes no projeto Observações
m) Planta de conferência?
n) Planta de eixos de locação da vedação?
o) Planta de 1ª fiada?
p) Planta de 2ª fiada?
q) Caderno de elevações?
r) Caderno de detalhes?
s) Quantitativo dos blocos?
t) Planta de distribuição dos materiais?
u) Planta furação elétrica?
v) Planta furação hidráulica?
w) Recomendações Técnicas?
3. PLANTA DE CONFERÊNCIA (Caso exista planta de conferência, responder este item
indicando seu conteúdo)
a) Espessura de paredes sem revestimento?
b) Cotas de conferência internas e de vãos dos caixilhos e portas?
c) Denominações de esquadrias e ambientes?
d) Estrutura em projeção?
e) Nomes de pilares e de ambientes?
f) Indicação de enchimentos?
Observações:
143
4. PLANTA DE EIXOS DE LOCAÇÃO DA VEDAÇÃO (Caso exista planta de eixo de locação,
responder este item indicando seu conteúdo)
a) Eixos de locação numerados e cotados (eixos principais - x e y)?
b) Eixos de locação numerados e cotados (eixos secundários)?
c) Especificação do tipo de materialização do eixo na laje?
d) Vigas em projeção?
e) Pilares?
f) Vazios da estrutura?
Observações:
5. PLANTA DE 1ª FIADA (Caso exista planta de primeira fiada, responder este item indicando
seu conteúdo)
a) Estrutura (indicação de vazios, pilares e vigas)?
b) Eixos de locação da vedação?
c) Marcação horizontal da primeira fiada de todas as paredes (considerando
quantidade de blocos, juntas e espessura das paredes)?
d) Tipo de amarração entre paredes e com a estrutura?
e) Numeração das paredes?
f) Enchimentos totais e parciais de elétrica e hidráulica?
g) Cotas dos vãos de portas?
h) Reforços e detalhes específicos da vedação?
i) Legenda da representação gráfica?
Observações:
144
6. PLANTA DE 2ª FIADA (Caso exista planta de segunda fiada, responder este item indicando
seu conteúdo)
a) Estrutura (indicação de vazios, pilares e vigas)?
b) Eixos de locação da vedação?
c) Marcação horizontal da primeira fiada de todas as paredes (considerando
quantidade de blocos, juntas e espessura das paredes)?
d) Tipo de amarração entre paredes e com a estrutura?
e) Numeração das paredes?
f) Enchimentos totais e parciais de elétrica e hidráulica?
g) Cotas dos vãos de portas?
h) Reforços e detalhes específicos da vedação?
i) Legenda da representação gráfica?
Observações:
7. CADERNO DE ELEVAÇÕES (Caso exista caderno de elevações, responder este item
indicando seu conteúdo)
a) Nome da parede e a sua espessura?
b) Dimensões dos vãos de estrutura e arquitetura?
c) Nome das paredes com as quais faz amarração?
d) Posicionamento dos blocos, vergas e contra-vergas?
e) Enchimentos totais ou parciais de elétrica e/ou hidráulica?
f) Eletrodutos, caixas elétricas, caixas hidráulicas?
g) Tipo de amarração entre a vedação/alvenaria e a vedação/estrutura?
h) Reforços?
i) Vãos e indicação dos tipos de esquadria?
j) Dimensões e reforços previstos para quadros elétricos e hidráulicos?
k) Quantificação dos blocos?
Observações:
145
8. CADERNO DE DETALHES (Caso exista caderno de detalhes, responder este item indicando
seu conteúdo)
a) Ligações com o piso?
b) Ligações com o teto?
c) Ligações verticais?
Observações:
9. QUANTITATIVO DE BLOCOS (Caso exista quantitativo de blocos, responder este item
indicando seu conteúdo)
a) Quantificação de blocos por parede (simples, hidro, GRG, GRGH e cortados)?
b) Quantificação de contra-vergas por parede?
Observações:
10. PLANTA DE DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS (Caso exista caderno de distribuição de
materiais, responder este item indicando seu conteúdo)
c) Quantificação de blocos por andar?
d) Quantificação de cola por andar?
e) Local de armazenamento dos blocos no pavimento
f) Local de armazenamento da cola no pavimento
Observações:
11. PLANTA DE FURAÇÃO DE ELÉTRICA (Caso exista planta de furação de elétrica,
responder este item indicando seu conteúdo)
a) Estrutura (indicação de vazios, pilares e vigas)?
b) Eixos de locação da vedação?
c) Projeção da vedação (1ª fiada ou paredes de arquitetura)?
d) Cotas acumuladas de todos os pontos de elétrica?
e) Todos os pontos de elétrica e a indicação de distribuição de eletrodutos?
f) Legenda da representação gráfica?
Observações:
146
12.PLANTA DE FURAÇÃO DE HIDRÁULICA (Caso exista planta de furação de hidráulica,
responder este item indicando seu conteúdo)
g) Estrutura (indicação de vazios, pilares e vigas)?
h) Eixos de locação da vedação?
i) Projeção da vedação (1ª fiada ou paredes de arquitetura)?
j) Cotas acumuladas de todos os pontos de elétrica?
k) Todos os pontos de hidráulica?
l) Legenda da representação gráfica?
Observações:
13. RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS (Caso exista recomendações técnicas, responder este item
indicando seu conteúdo)
a) Especificações técnicas dos materiais, componentes e equipamentos
indicados?
b) Orientações quanto ao planejamento e à sequência de execução
(assentamento, ligações com a estrutura, juntas, vergas e contravergas,
passagens de tubulações e dutos, fixação de esquadrias, interfaces com os
demais subsistemas: impermeabilização, instalações, estrutura,
revestimentos, etc.)?
c) Definições dos índices de tolerância?
d) Orientação quanto a suprimentos?
Observações:
147
ANEXO B – Questionário caracterização da empresa e da obra
148
Universidade de Pernambuco
Escola Politécnica de Pernambuco
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DA OBRA
DATA:
1. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Nome:
Endereço:
Fone/Fax:
E-mail:
Área de atuação:
Porte:
Nº de Obras em execução:
Tipos de obras:
Certificação: ( ) NBR ISO 9001:2000 ( ) PBQP – H (SiAC) ( ) _______________
2- DADOS DO RESPONSÁVEL DA OBRA
Nome:
Cargo: Fone:
E-mail:
3. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA
Nome da obra:
Endereço:
Telefone/Fax:
Tipo de Obra:
149
Tipo de fundação:
Tipo de Vedação:
Sistema de fôrmas:
Estágio atual (Serviços em andamento):
Tipo de mão-de-obra:
Nº de Funcionários:
Início: Término:
Nº de pavimentos tipo: Nº de pavimentos garagem:
Apartamentos por pavimento:
Área total construída:
Projetos para produção:
Organograma da Obra:
Planta do terreno e do edifício (Croqui) Projeto do canteiro
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